o corpo não pensa, sabe
e tudo que há é dentro
(ou fora ou sob ou sobre)
em função de seu gesto
único: fingir existência
o corpo não lembra, está
ou dorme, indiferente
enquanto sonha uma fuga
e o mundo dá seu giro
obedecendo ao calendário
o corpo deseja, e muito –
confunde espelho e janela
de onde acena para si mesmo:
sem olhar para baixo, vai
passeando sobre o abismo
* Foto: Mdig.com.