RECADO À JUVENTUDE DE 1972

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ATEXTO: RAFAEL GOMES DE ALMEIDA (1972)

Hoje, pretendo enviar um recado à juventude patense. Tantas vezes já me dirigi aos jovens desta terra que, sem falsa modéstia, tenho a impressão de ser ouvido.

Todo mundo já deve ter reparado que atualmente, existe uma procura muito grande que se faz em torno de Deus. A juventude comanda esta procura e já nos mostra que Deus está tão perto, que é quase crime procurá-lo, distantemente.

É bom quando se vê que a mocidade se preocupa com o amanhã. É lindo sentir que a juventude se preocupa com o próximo. É sensacional a gente sentir que existem mãos que doam, mesmo quando nada recebem. É bom sentir Deus no meio da juventude e pretender ser jovem, novamente, para seguir o caminho do amor, da justiça e da verdade.

Agora, eu vou falar com os jovens que já estão no caminho certo. Vou falar, serenamente, preocupado com os outros jovens que ainda não encontraram o caminho que devam seguir.

O moço, não importa a sua projeção social, sente uma vontade enorme de ser visto, de ser utilizado, de ser trabalho e não espectador.

Os caminhos são muitos e às vezes surge a inconsequência; às vezes aparece a precipitação, às vezes vem o desalento; quase sempre, os maus exemplos não faltam.

Você jovem patense, que se encontra trilhando o caminho da verdade, olhe para o seu lado e veja outros jovens que se desencaminham.

O tóxico prolifera no nosso meio. A erva maldita começa a minar crianças que poderão ser arrimos e que seguem o caminho da precipitação.

Você jovem patense, que teve o seu encontro com Deus, procure, com todas as forças de seu coração, dividir esta fortuna que não pode ser sua somente. Vamos construir uma terra cheia de gente realizadora. Vamos buscar a forma ideal de encontrar uma vida coletiva que seja fruto de nossa ação e não permitamos que a omissão venha nos acuar amanhã.

Estou falando isto, porque estive com o Dr. Rubens Soares, com o Cel. Ernane e o Capitão La Guardia. Presenciei jovens depondo sobre o uso de psicotrópicos. Vi a angústia de nossas autoridades, porque o quadro era desolador. Jovens entre 15 e 18 anos, sem recursos para defesa própria, são manipulados por uma minoria que nada faz de bom e que traz o verme da maldade dentro de si.

Por certo, os pais terão um papel importante, mas eu penso que os jovens, entre si, terão um diálogo mais acessível.

Se na sua vida encontrar um jardim florido, não deixe que as flores sequem e que seu egoísmo não permita que outros usufruam da sua beleza. Se na sua vida tiver havido uma queda, não se preocupe porque pior que o cair, é não ter forças para se levantar.

Se você tem compreensão e se sente útil, não se sinta envergonhado de praticar o bem. Se você é incompreendido, não se desespere nem se conforme com a vida de outros incompreendidos. Pegue o seu companheiro e tenha humildade para seguirem ao encontro da compreensão.

Portanto, eu me dirijo aos jovens, mas peço que os mais vividos me compreendam. A vida deve ser feita de convívio, de compreensão, de amor e de lealdade. Se todos me recusam, deve haver um motivo para que eu não seja aceito. Mostre-me o caminho que eu deva seguir. Não se constranja de estender a mão, ainda que de outras vezes, se tenha recusado a sua ajuda.

Deus é grande e tornou-se criança para viver no mundo dos jovens. Juventude que canta, juventude que vibra, juventude que, às vezes, se desespera porque falta uma palavra de compreensão. Não justifica, mas é preciso que exista muito amor, para que o desespero não se transforme em revolta.

Vamos todos, com os braços abertos, fazer a nossa juventude feliz. Não vamos permitir que aumente, ainda mais, ESTE ENORME MUNDO DE CONSTRASTE.

* Fonte: Texto publicado na coluna “O Comentário da Semana” com o título “Este Mundo de Contrastes!” da edição de 28 de setembro de 1972 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Arquidiocesebh.org.br.

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