VOTOS À VENDA

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VOTOSTEXTO: RAFAEL GOMES DE ALMEIDA (1972)

Num piscar de olhos, está vencendo os mandatos dos prefeitos e, igualmente, dos vereadores.

Sabemos e esperamos, com ansiedade, que o atual Prefeito tenha tempo de concluir o trabalho de abastecimento de água em nossa cidade, ou, no mínimo, deixar o serviço em condição de ser concluído pelo seu sucessor. Se isto acontecer, a gente pode esquecer os desacertos de que tanto se fala. Promessa mesmo, o atual Prefeito só fêz esta.

Por uma questão pessoal, eu nunca fui muito apologista de eleições. A gente vê muita falsidade nas promessas; a gente sente muita leviandade no plano de um candidatado; a gente depara com verdades que contradizem todas as teorias das campanhas eleitoreiras.

Sabemos que, por tradição, alguns vereadores deverão se reeleger. Outros tantos estão na corda bamba.

Para os últimos, eu quero deixar uma sugestão e frisar um recado para os eleitores.

Em Patos de Minas, existe uma Rua que se parece muito com Avenida, e que se chama Rua Paracatu¹. Fica no Bairro do Rosário², logo depois da Praça da Cadeia. Se eu morasse naquela rua, convocaria os seus moradores para colocar os nossos votos à venda. Vender os votos, a trôco de calçamento e rede de esgoto.

Para quem nos visita, não existe uma vergonha maior que o tiquinho de rua que existe naqueles buracos. Imaginem que, em tempo de chuva, depois de rodar mais de 2000 kms., após viagem estafante, eu fui atolar, exatamente, na Rua Paracatu, esquina com Av. Araguaia³.

Em plena cidade, numa artéria que poderá se tornar uma das lindas de Patos de Minas.

Em nossa cidade existe uma praça chamada Praça do Mercado, que, em tempo de chuva, é uma piada de péssimo gôsto.

A enxurrada que desce da Vila Garcia inunda tôda a praça e contamina até a praça Rodoviária, ficando em petição de miséria a Rua Padre Caldeira.

Se eu morasse numa destas ruas, eu venderia meu voto a trôco de um sistema de captação de água que conservasse aquelas artérias na sua melhor condição de trânsito.

Eu conheço uma certa avenida em Patos de Minas, chamada Avenida Paranaíba, que é, na minha opinião, a mais linda artéria de Patos de Minas. Casas boas, comércio escasso e região, estritamente, residencial. Num dia de festa, foi inaugurado o calçamento da referida via.

Começou, mais ou menos, no meio, bem defronte a Igreja de Santa Terezinha e acabou, exatamente, aonde começou. Tudo aconteceu, como acontecera antes, com a Rodovia Patos-Canoeiro. Morreu no nascedouro!

Se eu morasse por aquelas bandas, eu iria permutar meu voto, se houvesse a condição expressa de se promover aquele serviço.

Se eu fôsse candidato a vereador, eu sairia correndo atrás dos moradores destas regiões citadas e entraria num acôrdo. Eu sairia a vereador mais votado da história de Patos de Minas e, quem sabe, os votos juntos dariam para ser um deputado estadual. Patos de Minas já precisa de um representante no Legislativo de nosso Estado.

Acontece, no entanto, que eu não moro nas imediações citadas, não sou candidato a nenhum cargo eletivo, mas comento os fatos da forma que me foram demonstrados pelos interessados. No mínimo, vai servir de meditação para quem queira se habilitar. Comecem, enquanto é tempo, porque nas vésperas das eleições os moradores e votantes não vão acreditar nas promessas.

Os votos estão a venda e o preço é módico: SERVIR O POVO E TRABALHAR PELA COLETIVIDADE.

* 1: A “Rua Paracatu” foi denominada “Avenida Paracatu” em 30 de maio de 1962, através do Lei n.º 671, sancionada pelo Prefeito Sebastião Alves do Nascimento, o Binga.

* 2: Quando em 1962 a Rua Paracatu se transformou em Avenida Paracatu, toda a região cortada pela via era denominada de Bairro do Rosário ou Bairro da Lagôa (constante na Lei 671). Com o desenvolvimento da região, os perímetros foram acertados, e hoje o Bairro do Rosário, através da Lei n.º 4.379 de 14 de maio de 1997, engloba uma parte após a Rua João da Rocha Filgueira.

* 3: A Avenida Araguaia teve seu nome alterado para Avenida João XXIII em 28 de maio de 1968 através da Lei n.º 981.

* Fonte: Texto publicado na edição de 13 de janeiro de 1972 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Diariodeluzblogespiritiualista.blogspot.com.

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