“A casa é o retrato do dono”, diz o rifão. Há dias visitei um lar; uma casinha simples porém muito bem cuidada, tendo lugar para cada coisa e tendo cada coisa em seu lugar. Um jardinzinho com variadas flores, parasitas, folhagens e para completar a harmonia, pássaros diversos. E disto pude deduzir que os donos amam as coisas simples e encantadoras da natureza; refletia ali as suas predileções, bom gosto. É bom a gente encontrar um lugar assim: limpo, agradável. Gostamos de mostrar um retrato bonito, sem defeitos, não é isto?
Plagiando “A cidade é o retrato de seus moradores”. Estamos contribuindo para uma bela fotografia de nossa cidade? Pare, Olhe! Você é dos que jogam os papéis de quantas balas chupar, os paus de picolés, as cascas de frutas, papéis? Limpeza! Isto é com a Prefeitura. Sim, em parte, mas cada um poderá contribuir, fazer o que estiver ao seu alcance. “Uma pedrinha é reforço no momento, um pouco de barro é resistência na parede. Onde falha a união por ai entra a ruina”.
Que impressão levará o visitante de nossa cidade? E você mesmo aprecia andar chutando papéis, escorregando nas cascas de frutas e outras sujeiras mais? Basta a poeira, quando não é lama, mesmo na rua principal, no ponto nevrálgico da cidade. E não encontramos latas e nem cestos para lixo nas portas dos bares ou mesmo em algumas esquinas?
Quando vejo estas grandes faixas nas ruas, ás vezes de propaganda ou mesmo de um grande acontecimento social, tenho vontade de substituí-las por outras com preceitos de higiene, ou “A cidade é o retrato de seus moradores”.
Estaria chovendo no molhado? Talvez, mas não tem importância; isto é mesmo coisa de utopista, e além do mais a “verdade não se diz”, é melhor guardar o resto das sujeiras.
* Fonte: Texto publicado na edição de 12 de fevereiro de 1952 do jornal O Reporter (assinado por W. N.), do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Mundo-do-biologo.blogspot.com, meramente ilustrativa.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.