LINEU RÔNIO E SEUS SEMELHANTES

Postado por e arquivado em CANTINHO LITERÁRIO DO EITEL.

lineu-ronioToda cidade, independentemente do tamanho e de seu poderio econômico, tem um grupo de indivíduos simplórios que divergem em quantidade proporcionalmente à população do lugar. São simplórios na acepção gramatical da palavra, isto é, muito crédulos, tolos, ingênuos, patetas, papalvos e etc. Tanto é que se um deles for chamado de papalvo, com certeza vai estufar o peito de satisfação imaginando-se elogiado. Por aqui, na ex-capital do fosfato, o cidadão Lineu Rônio é um representante primoroso do grupo.

Amigos, ou melhor dizendo, conhecidos tem aos montes. Aliás, é difícil alguém não conhecer o Lineu. Nascido em família de parcos recursos financeiros foi obrigado a trabalhar desde garoto. Especializou-se em engraxataria. Assim é, pois o veterano mancebo não se considera um engraxate, mas aquele que pratica a engraxataria. Hoje, aos 45 anos de idade, pratica-a diariamente, menos aos domingos e feriados, sempre ali na esquina da Major Gote com Olegário Maciel. Isso porque, aos domingos e feriados, trabalhador nato que detesta embrulhação, é figurinha presente em inúmeras residências onde pratica a arte da lavação e limpeza de caixas d’água.

Sendo o ingênuo que é, Lineu é daqueles que acreditam nas pessoas. Bem, não que acreditar nas pessoas seja um demérito, não sou contra nem a favor, muito pelo contrário. O grande problema do camarada Rônio é que, invariavelmente, acredita nas pessoas erradas. Exemplo último foi sua escolha política que, cegamente, defende até hoje mesmo com a cidade escorrendo pelo ralo. Para se ter uma noção da incapacidade neuronal do tolo, de tanto ver passar por seus olhos motos anunciando serviços em domicílio, tipo lavagem de carros e conserto de panela de pressão, sua mente explodiu com uma ideia para revolucionar Patos de Minas. Ele já tinha o marketing da coisa: Lavagem de caixas d’água em domicílio. Fantástico ou não? Infelizmente, até a presente data, não deu o pontapé inicial no negócio por falta da moto. Quem sabe um dia!

Na ocupação da engraxataria, Lineu tem um cliente especial, um abastado fazendeiro de lá das bandas do Pilar que toda quinta-feira bate ponto no ponto do simplório. Certa feita o pecuarista levou-o à propriedade rural para uma faxina em três caixas d’água. Foi bão demais da conta, pois além do bom dinheiro ganho e de uma lauta refeição, ficou conhecendo a Magnésia, uma nobre vaca Jersey de pedigree paraguaio e a maior produtora de leite do pedaço. Mais ainda, teve o privilégio de beber na fonte, mesmo o pobre homem sendo tremendamente alérgico à gordura do precioso líquido vacum. Dito e feito, a diarreia alérgica foi resolvida lá mesmo na fazenda.

Num belo dia Lineu Rônio entrou numa das 480 farmácias patenses (só no centro) para pesquisar o preço do Avanço, seu desodorante favorito. Olha daqui, olha dali e, de repente, seus olhos arregalaram de surpresa e admiração. Num dos expositores espalhados pelo interior da loja, se deparou com um produto que ele acreditava não existir no mercado. Mas lá estava ele, e ficou feliz, muito feliz, pois o tal produto era produzido por um amigo, grande amigo. Não se conteve, pegou um frasco e correu ao balcão. Quando o balconista lhe atendeu, fez uma pergunta que deixou todos ali presentes perplexos:

– Moço, tem deste leite desnatado?

O produto que chamara a atenção de Lineu Rônio nada mais era do que o conhecidíssimo Leite de Magnésia!

Preocupante, muito preocupante, vai ser a atuação de Lineu Rônio e seus semelhantes na próxima eleição!

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Colorirgratis.com.

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