RATO DE LABORATÓRIO

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RATO 1O rato de laboratório, Rattus norvegicus (Classe: Mammalia, Ordem: Rodentia, Família: Muridae, Gênero: Rattus) usado atualmente na maioria dos biotérios e infectórios, deriva de colônias desses animais, originárias dos EUA. Embora seja originário de regiões da Ásia Central, acompanhou o homem em seu avanço pelos continentes, sendo encontrado, hoje em dia, em praticamente todas as latitudes. Acredita-se que tenha sido a primeira espécie de mamífero domesticada para fins científicos, pois desde o início do século XX já era usado em pesquisas nutricionais. A grande difusão desse animal na pesquisa se deu com Henry H. Donaldson. Ao aceitar uma posição no Wistar Institute, na Filadélfia, ele criou uma equipe que se dedicou a padronizar colônias de rato a partir de quatro casais de albinos, os quais ele trouxera de Chicago, e a elaborar tabelas com os dados e a biologia dos animais. Entre os seus trabalhos, merece menção “The Rat: data and reference tables for the albino rat and the norway rat”, publicado em 1915.

Pela equipe do Dr. Donaldson, várias linhas consanguíneas de ratos conhecidas atualmente se formaram, como o PA, Lewis, e o Brown Norway. Ao mesmo tempo que estas, a linhagem Outbred Wistar também começou a ser formada e a ser distribuída, não só para outros institutos americanos, mas também para outros países. Entre outros pesquisadores importantes para a disseminação do rato como animal de laboratório encontramos Osborne e Medel, que se dedicaram à nutrição, em especial ao estudo dos aminoácidos e das vitaminas. A colônia albina por eles estabelecida era mantida por acasalamentos ao acaso e os animais se caracterizavam pelo grande tamanho. Long e Evans estudaram o ciclo estral do rato e suas implicações. Para tais estudos, desenvolveram uma linhagem obtida do cruzamento de ratas provenientes do Instituto Wistar com um macho cinzento silvestre que havia sido capturado.

Embora o gênero Rattus compreenda 137 espécies, do ponto de vista de animais de laboratório apenas duas têm importância: Rattus norvegicus (rato doméstico ou rato marrom) e Rattus rattus (rato preto). O interesse na manutenção de ratos em cativeiro começou com as “lutas”: os animais eram colocados em uma arena e cães da raça terrier
eram treinados para matá-los. Era considerado vencedor o cão que conseguisse matar a maior quantidade de ratos no menor tempo. Desde então, por serem considerados mais dóceis e fáceis de lidar, os exemplares albinos começaram a ser mantidos.

O rato tem um corpo fusiforme e uma cauda que em muitas raças/linhagens pode chegar a medir mais em comprimento do que o próprio corpo. Tanto as patas anteriores como posteriores possuem cinco dedos. Assim como outros roedores, não possuem glândulas sudoríparas. Em ambientes quentes, procuram locais com sombras ou cavam tocas que costumam ser mais frias do que a superfície. Adaptam-se melhor ao frio. Também não possuem vesícula biliar.

O ciclo sexual tem duração de 4 a 5 dias e se divide em: 1) Proestro – Tem duração de 12 horas. Podemos observar uma pequena tumefação na vulva e a mucosa vaginal se apresenta ressecada; 2) Estro – Tem duração de 12 horas e a tumefação da vulva chega ao máximo; 3) Metaestro I – Tem duração de 15 horas e, além da tumefação da vulva que começar a diminuir, podemos observar uma massa caseosa na vagina; 4) Metaestro II – Tem duração de 6 horas e a vulva volta ao normal. A mucosa vaginal se apresenta úmida; 5) Diestro – Tem duração de 57 horas e a vulva continua normal. A mucosa vaginal se apresenta úmida. O período de gestação se estende de 19 a 22 dias. Após o décimo dia, já se pode observar o aumento de volume do abdômen. Casos de distorcias (complicações no parto) são raros e o parto dura, em média, de 1 a 2 horas. A média de filhotes/parto é de 8, para o rato Wistar, mas podemos encontrar ninhadas com até 16 filhotes.

O rato nasce desprovido de pelos, com exceção das vibrissas (bigodes, responsáveis pelo tato), e com o corpo avermelhado; com os olhos fechados, o pavilhão auricular também fechado e aderido à cabeça e pesando de 4 a 6g. Após o parto, a fêmea amamenta a ninhada. Esse fenômeno pode ser observado através da mancha branca no abdômen dos animais, que nada mais é do que leite no estômago. Tal fato é importante, já que os filhotes mais fracos não mamam e, portanto, em casos de seleção ao nascimento, este, além da robustez do animal, é um fator de descarte.

RATO 2A pele dos animais vai clareando ou escurecendo, de acordo com a coloração da linhagem, e os pelos começam a despontar por volta do 3.º ao 4.º dia de vida. Com sete dias o corpo está totalmente recoberto de pelos, as tetas são visíveis nas fêmeas e as orelhas já começam a se afastar da cabeça e a se abrirem. Por volta do 10.º dia os animais abrem os olhos. Aos 16 dias já começam a se alimentar independentemente e dos 18 aos 24 dias já estão aptos ao desmame. Nessa idade, geralmente são separados pelo sexo (sexagem) e pesados. O peso ao desmame varia de 35 a 45g e a sexagem é feita baseada na distância ano-genital, que no macho é bem maior do que na fêmea, além da visualização da bolsa escrotal. A puberdade se dá aos 30 dias e a maturidade sexual, dos 50 aos 60 dias. Em geral, o acasalamento ocorre nesse período, quando os machos já pesam de 200 a 250g e as fêmeas, de 150 a 180g. Os animais permanecem em reprodução até os 9 meses de idade. Os machos podem pesar de 500 a 600g e as fêmeas, de 300 a 400g.

Embora pequeno, o risco de mordidas existe. “Mas isso só se alguém mexer com eles de maneira brusca ou quando estão dormindo. Em geral são bichos muito dóceis”, tranqüiliza o veterinário Rodrigo Teixeira, de São Paulo. “O ideal é que um adulto supervisione as brincadeiras da criançada para evitar esses acidentes.”

A veterinária Cynthia Carpigiani, de São Paulo, ressalta a importância de cuidados simples. “Evite colocar o roedor muito próximo do rosto e lave bem as mãos após seu manuseio ou a limpeza do cativeiro.” Seja qual for a espécie que você pretende criar, providencie uma gaiola grande, equipada com uma pequena casa que sirva de abrigo, além de comedouro, bebedouro e até uma roda de acrílico para que possa se exercitar. E instale essa morada em um local protegido de umidade, sol e correntes de ar. A alimentação deve ser à base de ração peletizada – que já vem balanceada – e pode ser complementada com frutas e legumes, como cenoura. “Os roedores têm dentes de crescimento contínuo que precisam ser desgastados”, ensina a especialista Cristina Fotin, de São Paulo. “Por isso devem roer alimentos duros ou pedras de cálcio diariamente”, dá a dica.

As visitas ao veterinário têm que ser anuais, a menos que você note sintomas como sonolência persistente, pelo arrepiado e secreção nos olhos ou no nariz, que podem indicar doenças tão variadas quanto uma simples alergia ou um tumor. “Um último aviso: jamais deixe dois machos juntos”, diz Cristina. “Eles costumam brigar e se machucar seriamente”, justifica. “Se a ideia é ter mais de um bicho, compre somente fêmeas.”

São raros os casos em que um desses animais domésticos transmite doenças para o ser humano. Mas, claro, em tese o risco existe. O veterinário Roberto Fecchio, de São Paulo, elenca algumas: leptospirose, raiva, hantavirose, salmonelose. Todos esses males são graves. Por isso só adquira um roedor de lojas especializadas, capazes de garantir sua procedência e de lhe assegurar que todos os cuidados de higiene foram tomados antes de ele se mudar para a sua casa.

* Fontes: Criação e Manejo de Ratos, de Belmira Ferreira dos Santos; Mdemulher.abril.com.

* Foto 1: Recordeuropa.com.

* Foto 2: Ccb.ufsc.br.

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