DEIRÓ EUNÁPIO BORGES E A CATEDRAL DE SANTO ANTÔNIO

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7Registros históricos apontam que a primeira menção à necessidade de uma nova Matriz¹ foi feita em 15 de agosto de 1892 por Frei Raimundo, aqui então pregando missões. No dia seguinte, realizou-se uma reunião, sob a presidência do Vigário Pe. Getúlio que expôs os motivos e propôs a construção de um novo templo no Largo do Rosário e que se organizasse uma comissão encarregada de arranjar donativos. A comissão foi organizada, presentes os homens mais influentes do município, mas a ideia não vingou.

Em 15 de novembro de 1910 é lançado pelo jornalista e poeta Alfredo Borges o 2.º jornal editado e publicado em Patos, “O Commercio”. E foi através deste jornal que, em 1915, Deiró Eunápio Borges começou a trabalhar em favor da construção da nova Matriz, reavivando os ideais de então. A participação de Deiró foi tão marcante, que outro jornal da época, “O Riso”, em sua edição de 11 de dezembro de 1915, publicou a seguinte matéria:

Patos vae de vento em pôpa. Embarcou na locomotiva do progresso e, a todo vapor, corre vertiginosamente, numa recta indefinida, em demanda de outros melhoramentos, que lhe faltão ainda.

Depois do Grupo, Agua, Luz, Casa de Camara, Cadeia, Pontes, Jardins, arborisação, calçamento, passeios, alhinhamento, levantação de planta, xarqueada, fabrica de banha e manteiga, linha de automoveis, telephone, machina de beneficiar arroz, casa de diversões, cinema, theatro, fundação da “A Cidade”, “O Commercio”, “O Riso”, “A Carapuça”, “O Morcego”, papelaria e livraria, Club da Tesoura, masculino e feminino, e neutro, amphibio, surge agora a snr. Deirò E. Borges, pelas columnas do “O Commercio” a levantar as massas para a construcção de uma nova Matriz de Santo Antonio, nesta cidade. É optima idéia. Deve mesmo passar incontinenti do campo dos projectos para o da realidade, pois assim estão exigindo nossos fóros de cidade verdadeiramente religiosa, culta e progressista. Entretanto avalio já as mil dificuldades que hão de surgir a embaraçar-lhe os passos em tão louvável projecto.

Havendo, porem, persistência, os muros de Troia fender-se-ão abrindo brecha para dar passagem ao presente regio com que elle pretende nos mimosear. É questão de tempo, mas questão que alem de muita dedicação e trabalho exige tambem muito arame, arame em penca.

Apologista de sua idèa vou já em seu auxilio, abrindo aqui uma subscripção para tal fim.

Seja meu primeiro tostão a primeira pedra do magestoso Templo que dentro de alguns annos há de surgir nesta cidade – A Egreja Matriz de Santo Antonio dos Patos.

Para a futura Matriz 100 rs.

Offerta do X 2º.

O trabalho jornalístico de Deiró Eunápio Borges através do jornal O Commercio em prol da construção de uma nova Matriz desenvolveu na população um desejo mais forte para que se realizasse o projeto. A partir de 1917, Cônego Getúlio tenta a construção da nova Matriz. Dá início a uma subscrição, mas sua condição de enfermo não lhe permite levar adiante a ideia. Falecendo o cônego em 1919, no ano seguinte é provisionado para o seu lugar o padre Manoel Fleury Curado. Uma das primeiras necessidades que o novo pároco sente, é a da construção de um templo condizente com a sede da paróquia. Em 1.º de março de 1924, Abílio Caixeta de Queiroz doou trinta contos de réis ao Vigário, oferecidos à Matriz, em virtude de uma promessa. Os auspícios de Deiró começavam a obter resultados positivos.

Como foi relatado acima, o primeiro local aventado para a construção da nova Matriz foi o Largo do Rosário, onde se localizava uma pequena capela de mesmo nome nas imediações onde hoje está a Rádio Clube de Patos. É certo que houve uma mudança nos planos, o que prova um anúncio² de uma casa comercial publicado na edição do jornal Gazeta de Patos em 07 de setembro de 1929, quando cita o seu endereço: Praça Antonio Dias (futura da ‘Nova Matriz’). E mais certo ainda, é que outra mudança de planos se deu e a Catedral de Santo Antônio foi construída na Praça Dom Eduardo.

* 1: Leia “Histórico da Catedral de Santo Antônio”.

* 2: Leia “Fonseca & Mello e a Nova Matriz – 1929”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: Texto sobre Deiró Eunápio Borges publicado com o título “Antonio dos Patos” na edição de 11 de dezembro de 1915 do jornal O Riso, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 09/02/2013 com o título “Nova Matriz em Construção na Década de 1940”.

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