É TEMPO DE PREVENIR O TRÂNSITO PESADO NA CIDADE

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TEXTO: RAFAEL GOMES DE ALMEIDA (1982)

Há alguns dias, quando o doutor Wando Pereira Borges esteve entre nós falando sobre a linha Patos-São Paulo e sobre a Rodovia Patos-Presidente Olegário, causou-me uma certa estranheza que entre os presentes houvesse um consenso quase unânime, de que era mais importante estender a linha de Presidente Olegário até o entroncamento de Lagamar que ligar a BR-354 até a BR 365, para se fugir do movimento da Rua Major Gote.

As Rádios de Patos e Lagoa Formosa estavam dando cobertura ao acontecimento e, que eu me recorde, fui o único a discordar do Secretário Geral do DNER e me recordo, com certa clareza, que o Dr. Wando disse que o movimento não seria tão grande assim, a ponto de prejudicar o movimento urbano. Como voto vencido, deixei o meu protesto e aceitei a decisão do Dr. Wando, principalmente, porque a grande maioria estava julgando certo o procedimento daquela autoridade.

Agora, quando passei na Rodovia, retornando de Presidente Olegário, fiquei apavorado com o perigo que circunda a coletividade patense, principalmente para os frequentadores do Caiçaras Country Clube, pois se um caminhão pesado perder os freios na chegada de Patos de Minas, fatalmente irá se arrebentar contra o “Clube da Colina” e poderá acontecer uma hecatombe, cujas proporções serão medidas depois que tudo acontecer.

Imaginem e queira Deus que isto não aconteça, se um caminhão se desgovernar numa hora em que nosso clube esteja apinhado de frequentadores. Penso que antes de uma cerca impedindo a ligação da BR-354 com a BR-365, deveríamos ter uma estrada de ligação evitando o trânsito pesado urbano e fugindo de um desastre sem proporções. E atentem que já aconteceu um caso semelhante ao que estou relatando, só que o motorista, mesmo no seu desespero, conseguiu evitar o desastre, perdendo o seu caminhão velho para não sacrificar vidas. Deixo de contar o nome do motorista porque não consegui identificá-lo, mas bem que poderíamos qualificá-lo como herói anônimo de nossas vidas.

Por outro lado, chega a ser engraçada a forma que se conseguiu para evitar o trânsito de caminhões dos carvoeiros, quando o tráfego foi desviado para as ruas de nossos bairros mais carentes, bairros estes dotados de um asfalto de pior qualidade e, como consequência, menos resistentes ao peso dos veículos que por lá trafegam. Eles dão satisfação aos mais abastados, porque aos mais humildes parece ser dado menos direito de reclamar.

Estamos com as eleições se aproximando e ainda não vi nenhum esboço para se corrigir as falhas aqui apontadas. Infelizmente, como articulista cabe-me apontar as falhas, pois mesmo se tendo a solução, esta deve ser cumprida por outros.

Não sei quem está impedindo a ligação da Rodovia Patos-Presidente com a Rodovia do Sal.

É um crime que apontei antes da conclusão da obra e que não fui ouvido. É um crime contra a economia dos menos favorecidos. E pior que isto, é um crime que ameaça seifar muitas vidas.

Poderíamos entender tudo isto, mas se nada que apontamos tivesse uma solução. É hora de falar mais alto o interesse comum, para que o egoísmo de poucos não sacrifique uma coletividade.

Mais uma vez fica o meu protesto e o pedido de tantos que estão vendo a hora de acontecer o pior. Vamos aproveitar este período de eleições e botar a casa em ordem, porque depois… são outros quinhentos cruzeiros.

* Fonte: Texto publicado com o título “É Tempo de Prevenir” no n.º 56 da revista A Debulha, de 30 de setembro de 1982, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Loja.afixgraf.com.br.

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