Os colonizadores responsáveis pelo surgimento da cidade de Patos de Minas quando aqui chegaram se viram diante de um imenso rio e inúmeras lagoas. Usando o bom senso, optaram por arranchar à beira de uma das lagoas, ao invés de à beira do rio. Muito bem pensado.
No início do século 20 o rancho já era uma pequena cidade. E todos os moradores tiveram a oportunidade de presenciar várias inundações provocadas pelo Rio Paranaíba. O tempo foi passando, a mata ciliar foi sendo derrubada para a formação de pastos e construções de moradias. A cidade foi, a cada ano, se aproximando do rio, em sentido contrário ao executado pelos colonizadores.
O final do século 20 registrou várias enchentes que desabrigou muita gente. E, mesmo assim, a cidade foi se aproximando. Numa crônica¹ de 1978, o jornalista Oswaldo Amorim, após mais uma enchente, disse o seguinte: A propósito, se essa enchente, que não foi das maiores, já provocou tantos transtornos, o que se pensar dos efeitos de uma grande inundação? Evidentemente, as consequências serão tanto mais desastrosas, quanto maior a ocupação urbana da faixa alagável do rio.
A foto nos vislumbra que a cidade, não muito longe no tempo, abraçará o rio, transpondo-o. Percebe-se também que praticamente já não existe mata ciliar. A mata ciliar é uma área de preservação permanente às margens de cursos d’água, que segundo o Código Florestal (Lei n.° 4.771/65), deve-se manter intocada (no caso do nosso Paranaíba no mínimo 50 metros). O satélite nos mostra o estrago já executado.
Na citada crônica de 1978, Oswaldo faz a seguinte e importante recomendação: É preciso deter logo essa ocupação e, oportunamente, remover a ocupação já feita.
* 1: Leia “Pequeno Tratado Sobre as Enchentes do Paranaíba”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Showmystreet.