COMPRA-SE BORRACHA – 1942

Postado por e arquivado em ANÚNCIOS, COMÉRCIO.

Patos de Minas já foi profícuo produtor de borracha. Os anúncios publicados em jornais, desde o primeiro impresso na cidade (O Trabalho, em 1905), são provas suficientes. No início do século 20 o maior comprador era Sesostris Dias Maciel, o Major “Gótte”, através de seu tradicional comércio, a Casa Gótte. E até empresas de fora também se interessavam pela borracha produzida no nosso Cerrado, como no caso deste anúncio de 1942.

Mas não há um único registro sobre a presença por aqui das tradicionais produtoras do látex da borracha, as seringueiras. Então, de onde os patenses extraíam a borracha? A resposta está num texto de Josué Francisco da Silva Junior e Raquel Fernandes de Araújo Rodrigues (pesquisadores da EMBRAPA), intitulado “Ciclo da Borracha da Mangabeira (2010)”. Escrevem os autores que o látex da mangabeira proporcionou o florescimento de muitas cidades na Bahia, Minas Gerais, Piauí, Tocantins e outros. Afirmam os mesmos que “com o tempo e o fim da Segunda Guerra, a atividade entrou em decadência – borrachas de seringueira de excelente qualidade e maior rendimento tomaram o lugar da de mangabeira”.

Newton Ferreira da Silva Maciel informa que a “borracha” produzida aqui era mesmo proveniente da “mangabeira” (Hancornia speciosa), muito comum no Cerrado de Patos de Minas e adjacências naqueles idos. O fruto, mangaba, além de saboroso, é muito utilizado na fabricação de sucos, sorvetes, doces e bebida vinosa. A mangabeira é uma árvore que pode atingir os sete metros de altura, pertencendo à família das apocináceas. Newton Maciel conclui: “seu látex é usado para fazer uma borracha de cor rosada”.

DSC00842* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Anúncio publicado na edição de 28 de junho de 1942 do jornal Folha de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

Compartilhe