CASA GÓTTE – 1915

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Este anúncio foi publicado no livro Município de Patos, de Roberto Capri, editado em 1916. O autor nos informa que “O comércio de Patos é tradicionalmente um dos mais sólidos e sérios de Minas; é bastante desenvolvido e conta forte e respeitáveis firmas comerciais… com um movimento anual de mais de mil contos de réis”.

A Casa Gótte era de propriedade de Sesostres Dias Maciel (o Major Gote), um dos filhos de Antônio Dias Maciel. Localizava-se na Rua Major Gote, esquina com Olegário Maciel, onde hoje está o Edifício São Bento. Foi poderosa naqueles tempos. Oferecia praticamente todos os produtos necessários à população. O primeiro jornal editado em Patos, “O Trabalho” publicou vários anúncios da casa comercial. Num deles, de 1905, constava o seguinte texto:

Acaba de chegar do Rio de Janeiro, onde fez pessoalmente, nas melhores casas daquela praça e em ótimas condições, um variadíssimo sortimento de fazendas, ferragens, drogas, armarinhos, louças, calçados, chapéus, molhados, máquinas de costura, arreios, ferro em brasa e muitos outros artigos nacionais e estrangeiros. Depósito de tecidos nacionais, querosene, sal, café, fumo, etc. Compra em qualquer quantidade para exportar: algodão, borracha e toucinho. Recebe gêneros para vender por conta de seus fregueses e encarrega-se de encomendas para o Rio mediante módica porcentagem. Vendas à dinheiro, à vista, por preços baratíssimos. Dá gratuitamente comodidade para seus fregueses, boiadeiros e carreiros arrancharem”.

Como se observa, o anúncio contém duas informações no mínimo curiosas: a de que o negociante adquiria qualquer quantidade de borracha que lhe fosse oferecida, e a de que os fregueses de fora da cidade dispunham de acomodação gratuita enquanto estivessem providenciando suas compras.

Essa questão da compra de “borracha” é muito interessante, pois naquele tempo não existiam “seringueiras” no cerrado do Alto Paranaíba. Newton Ferreira da Silva Maciel  informa que a “borracha” comprada pelo comércio era proveniente da “mangabeira” (Hancornia speciosa), muito comum no Cerrado de Patos de Minas e adjacências naqueles idos. O fruto, mangaba, além de gostoso, é muito utilizado na fabricação de sucos, sorvetes, doces e bebida vinosa. A mangabeira é uma árvore que pode atingir os sete metros de altura, pertencendo à família das apocináceas. Newton Maciel conclui: “seu látex é usado para fazer uma borracha de cor rosada”.

3* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fontes: Municipio de Patos, de Roberto Capri; O Trabalho, de Fernando Kitinger Dannemann.

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