REVOLTA DE FORMIGUINHA, A

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Em 1836, na representação que o povo fez à Câmara de Paracatu, pedindo a anexação do Distrito àquele município¹, não aparece o nome de Antônio José dos Santos e Formiguinha². Em 1844, numa relação de eleitores, ele assinava, como comerciante, de 53 anos de idade. A primeira citação conhecida de seu nome é da ata demonstrativa dos cidadãos que obtiveram votos na primeira eleição da Vila do Patrocínio em 1842. Formiguinha, candidato, obteve 73 votos, ficando em 14º lugar.

Em 1848, teve lugar um fato histórico, talvez o maior de sua vida. E um dos acontecimentos que contribuíram para a emancipação de Patos de Minas.

O Colégio Eleitoral da Serra da Saudade das Dores do Indaiá, criado dois anos antes, pela lei 387, compreendia em seu círculo a Freguesia do mesmo nome e a de São Francisco das Chagas do Campo Grande, atual Rio Paranaíba, Termo de Araxá. Esta última, a 8 de abril do mesmo ano, é elevada à Paróquia. Ficaram a ela obedientes: Tiros, Santo Antônio dos Patos e uma pequena parte da Freguesia dos Alegres, atual João Pinheiro. Por força de lei, a mesa eleitoral ficava na sede da paróquia. Naquele ano, 1848, foram marcadas eleições gerais para 7 de setembro. Os eleitores patenses, obedientes ao regulamento, seguiram para São Francisco das Chagas do Campo Grande.

Realizada a eleição, chega o momento da apuração, que naquele tempo se fazia logo em seguida à votação. Antônio José dos Santos e Formiguinha, atento à contagem dos votos, deu pela fraude dos mesários, em favor dos candidatos Joaquim Antônio de Souza Rabello, João de Souza Pereira e Matheus José da Silva.

A mesa eleitoral favorecera com os votos dos patenses a candidatos em que não votaram, desviando-os daqueles a que haviam sido dados. Apurou-se maior número de cédulas do que as realmente cedidas. Porquanto sendo 170 o número de votantes qualificados, deixaram de comparecer 57. Entretanto, a mesa fez apuração de 155 sufrágios. Coroando as irregularidades, as listas recebidas foram guardadas em um lenço, depois conduzido para a casa do Juiz de Paz, em vez de serem recolhidas às urnas, com a segurança que a lei recomendava.

Formiguinha formula enérgico protesto junto à Câmara Municipal de Patrocínio, sede do Município. A reclamação chega às mãos do Presidente da Província, José Ildefonso de Souza Ramos, que prefere lavar as mãos à maneira de Pilatos, passando o caso ao arbítrio do Visconde de Monte Alegre, Secretário do Império.

Em face das razões apresentadas, Dom Pedro II resolveu anular o pleito, mandando que o presidente Souza Ramos marcasse novas eleições para 14 de outubro de 1849. E que, enquanto elas não se verificassem, deveriam funcionar os vereadores e juízes do quatriênio 1844/48.

A enérgica atitude de Formiguinha teve repercussão tão grande, que resultou na mudança da Mesa Paroquial para a Capela de Santo Antônio dos Patos. O artigo 16 da lei provincial 472, de 31 de maio de 1850, determina: “A sede da Freguesia de São Francisco das Chagas do Campo Grande fica sendo desde já a Capela de Santo Antônio dos Patos, compreendendo os Curatos de São Francisco das Chagas do Campo Grande e Carmo do Arraial Novo, dividindo com as Freguesias de Dores do Indaiá e de Alegres pelo espigão mestre, que divide os bispados de Goiás e Pernambuco”.

Um largo passo para a emancipação política fora dado. Os patenses, liderados por Antônio José dos Santos e Formiguinha, fizeram valer seus direitos na hora exata. Graças a isto, fez-se a mudança da Mesa Paroquial.

Posteriormente, Antônio José dos Santos e Formiguinha, juntamente com outros homens de brava conduta, foram decisivos na emancipação de Santo Antônio dos Patos.

* 1 : Leia “Rebelião contra a Vila de Araxá na década de 1830”.

* 2: Leia “Antônio José dos Santos e Formiguinha: O Patriarca da Emancipação” e “Ex-Travessa do Formiguinha”.

* Fonte: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.

* Foto: Grijo.wordpress.com, meramente ilustrativa.

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