Durante a 2.ª Guerra Mundial, 12 patenses fizeram parte da FEB – Força Expedicionária Brasileira, e combateram na Itália de setembro de 1944 a 02 de maio de 1945¹. Entre eles, Wilson Moreira de Andrade. A edição de 12 de novembro de 1944 do jornal Folha de Patos publicou a seguinte carta enviada por Wilson à Rádio Clube de Patos:
Italia, 6 de Outubro de 1944.
Snr. Diretor da ZYB-4, Rádio Clube de Patos
Saudações
Na esperança de que V.S. transmita aos meus conterraneos e parentes as minhas noticias e os meus sinceros votos de felicidades, informo-vos que graças ao Bom Deus estou maravilhosamente bem de saude e cheio de disposição para o que der e vier. A unica coisa que me traz melancolia é a saudade imensa dessa terra que é o meu orgulho e que para honrar suas tradições procurarei, confiado em Deus, lutar até morrer.
Sem mais assunto termino firmando-me cheio de gratidão.
Um filho de Patos que luta pela libertação dos povos oprimidos, nas fileiras da Força Expedicionaria Brasileira.
(a) Sargento Wilson Moreira de Andrade.
O patense Wilson Moreira de Andrade teve atuação destacada em sua missão, chegando a ser citado no livro Lembranças da Luta, de Belisa Monteiro, Dérika Kyara e Letícia Santana. Com a linguagem do Jornalismo Literário, as autoras buscam fazer com o que o leitor se sinta dentro dos acontecimentos: o passado torna-se presente e as lembranças dos “pracinhas” (ex-combatentes brasileiros) estão vivas não apenas pelos depoimentos, como também pelas diversas fotos dos entrevistados, medalhas de guerra e documentos inéditos que estavam guardados na gaveta e agora foram publicados no livro. Sobre o Wilson Moreira de Andrade, alguns destaques:
– Wilson conseguiu tomar banho depois de vários dias dentro da trincheira, no front. O frio era tão intenso que, mesmo para um banho rápido, era preciso tomar cachaça.
– “Tocávamos violão juntos, os italianos tinham vozes maravilhosas. Cantei muito com eles”.
– Um pracinha recebeu uma carta da qual não gostou, era de sua noiva: – Wilson, contrariando os desejos de mamãe, vou me casar. Tempos depois, em Brasília, a mulher encontrou-o e disse: – Estou viúva, Wilson. Sua vingança: – E eu estou casado com uma mulher bonita e com quatro filhos.
– Francisco Lobo, que anotou suas memórias da guerra, secunda o que dizem as novas pesquisas (inclusive de americanos): “Não faltou uma série de vitórias, revezes, dificuldades e sofrimentos. Nos 19 dias de ofensiva, a FEB fez mais de 19 mil prisioneiros e apreendeu mais de mil veículos. Não mediu esforços, nem poupou sacrifícios nessas jornadas. Foram calculadas 47 mortes, 10 extraviados e 616 feridos. A baixa geral de combate teve como saldo 471 mortos, 1.577 feridos e mutilados”.
– Wilson Moreira de Andrade, de um realismo seco, diz: Nós, o 11º Regimento de Infantaria, não conseguimos, pois houve a perda de 45 elementos nossos. Os alemães estavam muito fortes lá em cima, com máquinas e até com pedra podiam nos derrubar. Foi o Regimento Sampaio que conseguiu subir. As repórteres acrescentam: “O Regimento Sampaio, ou 1º RI do Rio de Janeiro, para conseguir tomar Monte Castelo, em fevereiro de 1945, contou com os caças Senta a Pua, que deram cobertura à operação”.
– Os pracinhas chegaram ao Rio de Janeiro em setembro de 1945, “quatro meses depois do desfecho da” Segunda Guerra Mundial, “ao som de ‘Aquarela do Brasil’”. A viagem de navio, que durou 16 dias, foi uma farra, com música e bebida, conta Paulo Gomide, que chegou antes, em agosto. Wilson Moreira foi recebido com fogos pelo pai. Eu falei: Pelo amor de Deus, não me faça isso!
* 1: Leia “Força Expedicionária Patense”.
* Fonte: Arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Jornalopcao.com.br.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.