SEMPRE FOMOS E SEREMOS PATENSES

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TEXTO: JORNAL FOLHA DE PATOS (1945)

Sinto imensas saudades da cidade antiga, porque ela era melhor do que a Guaratinga¹ atual. No seio do povo não havia tanta confusão e as ruas eram mais limpas e de aspecto aprazivel. Sim, havia jardins e rosas multicores as havia tambem. Havia luta politica e os partidos se degladiavam , dando vida e consciencia aos homens de nossa terra. Agora, o que reina é uma quietude enervante, sem significação real, uma tagarelice balofa e repisada sobre vendas fantasticas de gado zebú, seguida de pouca verdade e de muita inveja. Emquanto escoam as horas vai se escorrendo a chuva “criadeira” e ninguem se agita e nem se movimenta.

As noites sem luar são insuportaveis. Há um cinema e dois clubes; aquele passa fitas, já envelhecidas e estes promovem horas dansantes que nem se equiparam ao “Seu Manoel Joaquim” que, outrora, punha termo aos bailes familiares.

Diz-se que a exportação aumentou bastante, que o gado indiano valorizou as terras do municipio, que os nossos homens publicos subiram de prestigio, mas, tudo isto está longe de possuir o encanto de Patos antiga, cheia de lutas transes inolvidaveis.

Ha rumores de eleição nas capitais. O povo é democrata e quer eleger o Presidente, o Governador e o Prefeito. Muitos ha que vão alem nas suas reivindicações, pois, pensam em escolher, tambem, os seus diretores espirituais, afim de afastar aqueles que ocupam molemente ou indignamente os cargos, dando origem a mal entendidos, dividindo as familias e sacrificando a paz interna do municipio. Para isso invocam o testemunho da Maçonaria, que renova atualmente a sua direção, outorgando oportunidade a que todos os associados sejam parte na sua marcha progressiva, humana e altamente filantropica.

Os rotarianos de ilustre estirpe, são de causar inveja. Assentam-se democraticamente ao redor de uma mesa e jovialmente, resolvem os mais graves assuntos, dando pasto à inteligencia e vigor ao corpo. Não falam em autoridades superiores, desconhecem a supremacia a não ser do espirito. Sendo assim, um raio de esperança ilumina a nossa consciencia de filhos desta terra, que tanto merece. Se a transformação vai ser geral, certamente atingirá Guaratinga, e, nós estamos anciosos para assistir aos maravilhosos imprevistos que nos esperam sacudindo o pó de todas as velharias.

As cousas novas que se anunciam são de tal ordem merecedoras de credito que, nos adeantamos satisfeitos a pronunciar uma palavra sobre o nosso futuro.

Guaratinga ou Patos de Minas entrará na linha com o surto liberal renovador, que vem caindo sobre o Brasil como uma benção dos ceus.

Habitante de Guaratinga ou patense da velha guarda deve estar a postos, pois dias melhores virão em que os gêneros da primeira necessidade não serão mais caros de que em qualquer outro lugar; dias promissores em que viveremos não na rotina antiga, mas, numa fase estuante de muita vida e realidades positivas. Fomos sempre devotados à causa popular e não há de ser presentemente que haveremos de trair os nossos sentimentos e quebrar a linha de nosso programa inicial.

Seremos por Patos, Guaratinga ou Patos de Minas a mesma coluna que não se curva ante os potentados de qualquer ordem ou natureza, pois, na defesa do povo e pela felicidade dele é que existimos e nos sacrificamos até a pagina final. Assim seja.

* 1: Leia “Patos Mudará de Nome?”, “O Dia em Que Patos Deixou de Ser Patos 1 e 2”, “O Patense Agradece o Retorno ao Nome Original da Cidade”.

* Fonte: Texto publicado na edição de 04 de março de 1945 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Foto: Início do texto original.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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