PATENSES… OU CARANGUEJOS?

Postado por e arquivado em ARTIGOS.

ATEXTO: SINHÁ MACIEL (1979)

Quem nasceu em Patos e teve a oportunidade de passar uns tempos fora, pôde notar o progresso de nossa cidade: uns amontoados de prédios novos, barzinhos em franca decadência, alguns restaurantes que mal fazem para pagar os garçons, e após as 22.00 horas, a característica exata de uma cidade fantasma.

Esta é nossa cidade. E assim ainda há quem diz que ela se encontra em total desenvolvimento!… Não, minha gente. Patos cresce até certo ponto. É uma cidade bonita, até bem traçada, mas populada apenas de crianças, pouquíssimos jovens e velhos. Falta-nos campo para poder dizer que Patos cresce. E como poderia crescer se os jovens partem para estudar fora, ficando por lá?

Os menos afortunados não têm condições de sobreviver, se não temos indústrias para oferecer empregos. E o salário mínimo, de tão mínimo ainda é negado pela maioria dos empregadores que só pensam em abastecer a si próprios.

Assim, dizem que Patos cresceu… e cresce. Concordo de outra forma. Patos cresce empurrando seus cidadãos para fora, pois aqui não se dá oportunidade a outrém. Cresce aumentando o número de caranguejos patenses… pois o povo anda para trás…

O “miolo”, a tão chamada panelinha social, não possui convicção de que o sol nasceu para todos… Em suas mentes inférteis só há uma certeza de burguesia, aliás, uma falsa burguesia. Pessoas que possuem um quarto de terra e outro tanto de dívidas, assolam a população, esmagando o direito dos outros. Cometem seus erros, mas vivem apontando o dedo sujo.

Não, patenses, não estamos mais no tempo do coronelismo (ou estamos?). Precisamos nos conscientizar de que se quisermos deixar de ser provincianos, deveremos lutar todos pela mesma meta. Precisamos ser mais hospitaleiros, mais acatáveis e menos petulantes.

Oh, Patos! Você precisa crescer! Crescer em expansão, inovações e ajudar a fazer crescer a pequena mente poluída de cada caranguejo ou (desculpe-me pelo descuido), de cada patense.

* Fonte: Texto publicado na edição de agosto de 1979 do jornal Correio Estudantil, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Coracaogeminiano.com.

Compartilhe