TEXTO: OLIVEIRA MELLO (1985)
Oswaldo Amorim muitas vezes é declarado visionário, tal o seu amor e sua luta em favor de Patos de Minas. Ele olha essa cidade com um carinho desvairado. Mexe com tudo. Fala sobre tudo. Quer que todos nós transformemos, dentro de nossas possibilidades, Patos de Minas num paraíso. A verdade é essa.
Na luta diária e contínua, garanto que se ele conseguisse concretizar, pelo menos, parte de suas sugestões, todo mundo que conhecesse a nossa terra não desejaria mais dela sair. Deveria ter no seu pórtico de entrada, contrariando o dístico de Dante à porta do “Inferno”: “Ó vós todos que entrais, ireis encontrar a esperança e a felicidade desejadas”.
Há anos que Oswaldo Amorim vem escrevendo e falando sobre muita coisa que não deveria acontecer em Patos de Minas. Mas os que podem evitar tais males, fazem ouvidos moucos a seus clamores. Sem uma pesquisa mais aprofundada, de lembrança, podemos citar o corredor em que se está transformando a Rodovia do Milho, no trecho hoje denominado Avenida JK. Como debateu para que isso não acontecesse! Chegou até a mandar o urbanista Radamés Teixeira elaborar uma planta. Infelizmente engavetada. A construção do Parque Municipal, de nossa área verde, na depredada mata do Tonheco. Nem lembrança mais dela existe. No local do verde querido por Oswaldo em benefício da população, foi plantado o asfalto seco e impassível, em nome do falso progresso. E assim por diante.
Agora está Oswaldo Amorim batendo em uma tecla muito acertada. Não adianta termos apenas representantes nos poderes legislativos da União e do Estado. Temos que ir adiante. Precisamos também de possuir homens no Governo. Na administração. Isso é muito importante. E ninguém jamais lutou para a consecução disso. Realmente ele tem razão. Patos de Minas também precisa de homens seus junto ao Poder Executivo, do Estado, principalmente. Nós estamos bem mais próximos do Estado do que da União. Junto àquele podemos gritar mais alto. Somos um dos maiores municípios e cidades, em termos populacionais., dentro do Estado de Minas Gerais. Temos um respeitável colégio eleitoral. A nossa sustentação econômica é muito grande. O nosso poder de influência regional é enorme. Então, por que ficarmos satisfeitos apenas em possuir representantes na Câmara Federal e na Assembléia Legislativa do Estado? Precisamos de mais. Necessitamos de um dos nossos em uma Secretaria de Estado, ou então em cargos do segundo escalão. Seria uma força enorme para mais conseguirmos e obtermos os melhoramentos a que nos fazemos jus. Não podemos contentar apenas com a representação legislativa. Não podemos viver sofrendo a compressão de comunidades mais desenvolvidas, deformando-nos em nossa estrutura e finalidades.
Penso que o estágio já alcançado por Patos de Minas oferece condições propícias à sugestão do Oswaldo Amorim de possuirmos um dos nossos junto ao Governo Executivo. Temos que nos empenhar em discernir, mais profundamente, longe das paixões políticas, aquele que é nosso, capaz de trabalhar naquele setor e, portanto, devemos potenciá-lo em sentido de universalidade.
Oswaldo Amorim quer, além de homens nossos junto às representações legislativas, também homens nossos junto aos poderes executivos. Como poderão esses homens carrear tantos benefícios para nossa gente! Pois será mais um dos nossos a lutar em favor da nossa cidade. E nessa luta, aparentemente localista, estamos com uma conquista de individualidade regional. Isso não se pode negar a Patos de Minas. Os nossos políticos precisam acreditar mais no “visionário” Oswaldo Amorim e procurar atender as suas sugestões. Podem estar certos, se não ganharmos, perder é que não vamos. É só abandonar os egoísmos e os orgulhos das idéias não serem de fulano ou de beltrano e acatar tudo aquilo que é sugerido em nosso benefício. Pois, Patos de Minas e a região por ela polarizada estão acima de todos os nossos anseios individuais. Na verdade, Oswaldo Amorim coloca todo o seu serviço a favor de Patos de Minas e região, em sacrifício de todo interesse pessoal. A sua individualidade é regional. Compreendamos isso, enquanto ainda é tempo, e quem sairá lucrando não será apenas um grupo, uma comunidade, mas toda uma região muito vasta e muito rica, que se desponta com uma pujança admirável, tanto no âmbito estadual como nacional.
* Fonte: Texto publicado na edição n.º 121 de 15 de agosto de 1985 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: flaticon.es, meramente ilustrativa.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.