2023 TERMINOU COMO COMEÇOU: UMA BARULHEIRA INSUPORTÁVEL

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TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2024)

Numa cena emblemática no final de 2023 apresentada nas redes sociais, nota-se o atual prefeito vestido de Papai Noel adentrando-se a uma chaminé. Quem sabe seja um representativo do que ele estava por ofertar aos Contribuintes nesse ano de 2024 que se iniciou hoje, isto é, o mesmo que ele ofertou aos Contribuintes no ano passado: barulheira insuportável na Cidade.

É preciso salientar que o atual poder público não é o criador dessa barulheira insuportável. Muito antes da pandemia da COVID-19, Patos de Minas já vinha enfrentando uma gravíssima doença do barulho graças a sucessivas gestões ineficazes: motocicletas com escapamentos adulterados, muitos carros com som alto e ainda outros veículos igualmente com escapamentos fora dos padrões preconizados pela Lei.

Durante a pandemia da COVID-19, a gravíssima doença do barulho entrou num estado de hibernação, motivado pela diminuição drástica do tráfego urbano de qualquer espécie de veículos. Enquanto a COVID-19 provocava um caos à saúde pública e particular, os ouvidos de idosos, acamados, hospitalizados e qualquer um que buscasse unicamente o SOSSEGO, ao mesmo tempo em que procuravam através da vacinação e dos protocolos protetivos amplamente divulgados para se verem livres de contaminação, agradeciam pelo momentoso pouco barulho.

Veio o final do ano de 2022, e com ele a sensação de que a pandemia estava controlada. Paulatinamente, o trânsito de veículos de qualquer espécie com suas nefastas características barulhentas voltou a ocupar o ambiente urbano. Em 05 de maio de 2023, a OMS, após três anos e três meses desde a adoção da emergência global em janeiro de 2020, marcou “o fim da pandemia”. E assim, o barulho insuportável na Cidade foi se firmando com força total. A cada mês, as motos, mais e mais, distribuíram por todos os logradouros as suas insanas barulheiras. A cada mês, mais e mais, carros com som nas alturas distribuíram por todos os logradouros as suas insanas músicas da pior qualidade em todos os sentidos. Portanto, não foi o atual poder público que criou a barulheira. Ele apresentou a mesma incompetência que os anteriores em sanar o problema, mas cujo problema foi intensificado na gestão atual justamente por sua incompetência.

Enquanto isso, idosos, acamados, hospitalizados e qualquer um que buscava unicamente o SOSSEGO, voltaram a ser importunados 24 horas por dia. Enquanto idosos, acamados, hospitalizados e qualquer um que buscava unicamente o SOSSEGO sendo importunados 24 horas por dia, de vez em quando a mídia noticiava que algumas blitz policiais estavam apreendendo motos barulhentas, num trabalho totalmente inútil e demagógico. Por que totalmente inútil e demagógico? Patos de Minas tem atualmente quase 40 mil motos nas suas diversas modalidades. Dessas quase 40 mil motos, pelo menos 98% delas têm os escapamentos adulterados ou deteriorados pelo tempo, resultando disso uma barulheira que causa imensos danos às saúdes dos referidos acima. Então, quando se lia na mídia que algumas blitz policiais apreendiam 10 motos a cada alguns meses, era uma demonstração clássica de inutilidade e de demagogia.

Dava para piorar? Dava! Na leva tradicional das motos insuportáveis, aumentaram drasticamente os carros com som nas alturas, disparando alarmes de carros estacionados, tremendo as janelas de residências e, óbvio, azucrinando os ouvidos e a saúde de idosos, acamados, hospitalizados e qualquer um que buscava unicamente o SOSSEGO. Dava para piorar? Dava! Na leva das motos insuportáveis, dos carros com som nas alturas disparando alarmes de carros estacionados, tremendo as janelas de residências e, óbvio, azucrinando os ouvidos e a saúde de idosos, acamados, hospitalizados e qualquer um que buscava unicamente o SOSSEGO, surgiram umas bicicletas motorizadas tão insuportáveis quanto os outros que, pasmem, até interromperam uma apresentação de música clássica na Praça do Fórum na semana do Natal. Dava para piorar? Dava! Como o negócio por aqui é barulhar, até aqueles caminhões enfeitados para turismo urbano zanzaram pela Cidade com o som em potência máxima e uma buzina de navio que assustou até os moradores do Cemitério Santa Cruz, com músicas terríveis sem identidade alguma com as crianças, o alvo da empreitada, chegando uma ao absurdo do cantor (?) berrar: – puta que pariu, ela está por cima. É isso mesmo que você imaginou!

Falar sobre o tanto que a poluição sonora nas cidades prejudica a saúde é redundância, não é mesmo, OMS? Na nossa pequena urbe, onde um sujeito solta um pum no Centro e o pum é ouvido na Vila Garcia, para não sanar o problema tem que haver um poder público muitíssimo incompetente, ou, pior, sem compromissivo algum com o Contribuinte, este que é aquele que lhe mantem financeiramente e toda a estrutura pública.

Se a cidade tivesse 100 hospitais públicos, 100 UPAS e 100 Postos de Saúde, de que adiantaria isso, se o Contribuinte não tem SOSSEGO nem para um bate-papo no recinto residencial, pois de 30 em 30 segundos precisa interromper a conversa até o barulho se afastar. Se a Cidade tivesse todas as praças reformadas e mantidas pelas empresas, as ruas sem nenhum buraco e todos os lotes devidamente murados para evitar a propagação do mosquito da Dengue, de que adiantaria isso, se o Contribuinte não tem SOSSEGO para assistir televisão e nem áudios ou vídeos no computador, pois de 30 em 30 segundos precisa aumentar o som até que o barulho se afaste. Se a Cidade tivesse 500 escolas públicas e 500 creches públicas, de que adiantaria isso, se o Contribuinte não tem SOSSEGO para uma conversa ao telefone e nem para dormir, pois de 30 em 30 segundos é sobressaltado com os estrondos dos escapamentos e das músicas. De que adianta ter as tarifas elétricas e de ônibus urbanos reduzidas¹ se o Contribuinte, após um dia estafante de trabalho, chega em casa e logo é irritado pelo barulho e ele imediatamente desabafa: − pelamordedeus, não mereço isso! De que adianta o Córrego do Monjolo todo drenado se o Contribuinte dirigindo serenamente um carro pela Avenida Fátima Porto a todo momento sofre um susto tremendo com uma moto lhe ultrapassando em altíssima velocidade e com um barulho insuportável. Mesmo se Patos de Minas fosse a Cidade mais linda do Universo, de que adiantaria isso, se idosos, acamados, hospitalizados e qualquer um que busque unicamente SOSSEGO, não tem SOSSEGO, pois de 30 em 30 segundos um estrondo sonoro o incomoda e o irrita.

Dá para piorar? Dá! O prefeito não toma atitude. Os 17 vereadores, que deveriam cobrar do prefeito a atitude, não agem. O ministério público, que deveria obrigar os dois poderes a tomarem atitude, se ausenta. E essa turma toda custa ao Contribuinte uma fortuna! Voltando àquela cena emblemática do Papai Noel lá do primeiro parágrafo, a barulheira é um presente para 2024 que o poder público oferece a quem lhe paga.

É sabido que antes da Polícia Civil declarar o nome de uma de suas sérias e importantíssimas Operações, ela consome alguns meses em investigações até que declara o nome da Operação e entra em ação, elucidando crimes os mais diversos e prendendo seus respectivos autores. São merecedores dos salários que recebem por cumprirem dignamente suas funções. O depois disso é que justifica um dos maiores cânceres do Brasil: impunidade! Quanto à barulheira da Cidade de Patos de Minas, a impunidade dela, a barulheira, não passa por nenhum processo de investigação, pois o poder público não investiga absolutamente nada sobre ela, a barulheira, para lhe combater efetivamente. Então, fica por isso mesmo, com essas demagógicas blitz policiais de quando em vez.

Enfim, parafraseando o novo lema do Município, AQUI É SEMPRE MAIS BARULHO! E encerro parafraseando o genial Lima Barreto: PATOS DE MINAS NÃO TEM POVO, TEM PÚBLICO, pois o povo patense se cala diante de tal descalabro e não cobra do poder público o seu DIREITO ao SOSSEGO!

* 1: Quando a atual administração assumiu o poder em 1.º de janeiro de 2020, as tarifas elétricas e dos ônibus urbanos eram muito criticadas. Durante três anos, os gestores não agiram contra. Eis que, na última semana de 2023, preparando-se para o ano de eleições em 2024, eles, executivo e legislativo, resolveram diminuir as taxas de energia elétrica e os preços das passagens de ônibus urbano. Eis a plena demagogia eleitoreira! Adivinhe quem vai pagar a conta dessa demagogia eleitoreira?

* Foto 1: diariodonordeste.verdesmares.com.br.

* Foto 2: arionaurocartuns.com.br.

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