RASMO ROCHA ASSASSINADO

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Quase ás 8 horas da noite de 2 de janeiro, foi a nossa cidade presa de grande nervosismo com a dolorosa noticia da morte tragica do dr. Rasmo Rocha¹, advogado em Belo Horizonte que, temporariamente, se encontrava nesta cidade com sua exma. familia.

Filho desta terra e pessoa multissimo relacionada em nosso meio, jamais podia supor voltasse ele para encontrar a morte violenta, entre os seus, na sua propria terra natal.

E’ que as mais das vezes o destino ou a fatalidade colhe-nos de surpresa, levando-nos no roldão da desdita tragica, embora custe isso lagrimas dos que nos são mais caros, embora o acontecimento nefasto sufoque o coração de todas as pessoas amigas.

Esta hora amarga da desgraça a que bruscamente envolveu a pessoa do jovem advogado, no dia em que ele demonstrava quase nenhuma preocupação de espirito e como que procurava dominar e vencer qualquer ambiente de receio ou temor que, por acaso, lhe quisesse toldar a vida.

A’ noitinha, quando descia da casa paterna para a cidade, deu-se a lamentavel cena de sangue em que ele tombou sem vida atingido pelos tiros que lhe desfechara o sr. Agenor Soares Cardoso, Carcereiro da cadeia local.

Sabe-se que no inquerito policial que vem se procedendo sob a direção do energico delegado tenente Edson Teixeira, já está comprovada a autoria do crime e que o procedimento irregular da esposa do criminoso foi a unica causa da tragedia, embora não esteja positivada a culpa da vitima.

O fecho do processado, porem, é que trará esclarecimentos necessarios ao julgador, cabendo a sociedade lamentar o triste episodio que chocou a cidade em peso, trazendo-nos em sobressaltos e tristeza.

O dr. Rasmo Rocha, sempre prestativo e atencioso, gozava da estima geral, tendo feito os seus estudos com as dificuldades peculiares aos moços pobres, bacharelando-se em direitos em 1935. Logo depois de formado exerceu a sua advocacia por algum tempo nesta comarca, transferindo posteriormente sua residencia para Belo Horizonte.

Consorciou-se naquela capital com d. Maria Lucí Coutinho Rocha que lhe sobrevive, deixando dois interessantes filhinhos, Eliani Maria e Rasmo Glinton.

Desaparece aos 40 anos de idade, sendo filho do sr. Antonio da Rocha Filgueira, há pouco falecido, e de d. Otelina Tiburcio Rocha. Deixa varios irmãos, cunhados e sobrinhos.

O seu enterramento se deu na tarde de 3 de janeiro com enorme e sentido acompanhamento, a que compareceram todas as autoridades, funcionarios forenses e a classe de advogados que perdeu um elemento de inteligencia e vivacidade.

NOTA: A edição seguinte do jornal, de 14 de janeiro, publicou a seguinte nota com o título “Cel. José Vargas”: Encontra-se na cidade, a serviço da Chefia de Policia do Estado, o cel. José Vargas da Silva, distinto e brilhante oficial da Força Publica de Minas Gerais e talentoso Bacharel em Direito. Prende-se a sua vinda aos esclarecimentos necessarios de qualquer atuação de elemento do destacamento local do crime que vitimou o dr. Rasmo Rocha, tendo o eminente Oficial verificado de logo que o zeloso delegado Tte. Edson Teixeira Franco já vinha conduzindo o processo de maneira correta, providenciando no sentido de apurar a culpabilidade do policial que coadjuvou na fuga do criminoso. Visitando ao ilustre amigo, desejamos-lhe felicidades na sua permanencia entre nós.

* 1: Rasmo Rocha nasceu em 09 de janeiro de 1905. Formou-se em Direito pela UFMG. Exerceu a profissão em Patos de Minas e foi escrivão da Secretaria de Segurança Pública em Belo Horizonte.

* Fonte: Texto publicado com o título “Violenta cena de sangue abala a cidade, nela perdendo a vida o jovem advogado dr. Rasmo Rocha” na edição de 07 de janeiro de 1945 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Foto: Primeiro parágrafo do texto original.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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