O povo deu ao peixito indiano Ambassis lala, o nome de peixe-vidro, devido a sua translucidez. Há, de certo, alguns desses vertebrados mais ou menos transparentes, mas nenhum mostra em tão alto grau tal particularidade. De fato, chegamos a ver, através do seu corpo, as plantas que se encontram atrás dele. Com iluminação apropriada, pode-se notar a refração e decomposição da luz, nas cores do espectro, através do corpo do peixe. É, por essa particularidade, muito digno de nota e assim se explica a sua presença nos aquários ornamentais.
Carnívora e onívora, a espécie, que mede 3 a 4 cm, no seu habitáculo, na Índia, é tão numerosa que consta ser utilizada para adubação das lavouras. Entre nós é tratado com desvelos e nada em aquários de luxo. Mais uma vez lá se confirma o ditado de que ninguém é profeta em sua terra. O corpo desse peixinho é muito achatado, afigurando-se, no feitio, às nossas pequenas piabas.
Embora na Índia seja “mato” como se diz na gíria carioca, aqui vale o seu bocado, o que se explica pela relativa dificuldade em se reproduzir nos aquários. Boas instalações conseguem sucesso em obter reprodução desses peixes. Ao contrário, certo criador se empenhou em reproduzi-lo, mas teve muita dificuldade porque os ovos eram atacados por fungos. Esboça-se aqui um problema. Surgiu o fungo porque o ovo gorou ou o fungo atacou o ovo e fê-lo abortar? Há essas duas espécies de fungos.
O aquário é um microcosmo, onde a vida pulula, numa luta incessante e feroz. Basta que apareçam certas condições para a proliferação de um ser e, ei-lo, violentamente, assenhoreando-se do ambiente, em detrimento dos demais que aí vivem. Os fungos estão nessas circunstâncias. Basta, por exemplo, a má oxigenação das águas para vermos os ovos e os próprios peixes invadidos por esses seres ínfimos e onipresentes.
É um peixinho tímido e pacífico, sendo uma ótima opção para quem possui aquário comunitário, desde que não possua espécies muito maiores ou agressivas, mantendo pelo menos seis indivíduos para se sentirem mais a vontade. A temperatura ideal da água é em torno de 22 a 30º e PH de 6,6 a 8,0. Na natureza se alimenta de plantas, invertebrados aquáticos, pequenos peixes e matéria orgânica. No aquário, é recomendável que seja alimentado com ração de boa qualidade.
Na reprodução, a fêmea libera em média de 250 ovos em meio a vegetação ou fundo (ninho) que serão fecundados imediatamente pelo macho. Alevinos eclodem cerca de 24h e nadam livremente entre três e quatro dias. Os pais cuidam da progênie.
* Fontes: Peixes de Água Doce (Eurico Santos) e kauar.com.br.
* Foto: hnaquarium.loja2.com.br.