TEXTO: H. GONÇALVES DIAS (1944)
Podemos afirmar conscientemente que, Guaratinga¹, pela fertilidade do seu extenso sólo e pelas grandes riquezas mineraes, com que a Natureza o privilegiou, póde ser incluído no álbum dos municípios que Minas deve se orgulhar em ter ao seu lado para colaborar na defêsa dos seus interesses, concorrendo para o engrandecimento de seu nome e do seu progresso, nêste seculo de tantas incertezas que atravessamos. Se assim dizemos sem medo de errar, é porque de uns tempos a esta parte, varias são as pessôas que aqui vem sendo surpreendidas por belas amostras de minérios e metaes aproveitaveis, que se encontram facilmente entre as montanhas rochósas do município, provando que nêle existem ótimas jazídas, cuja quantidade só poderá ser exatamente calculada pelos engenheiros mineralógicos.
Além de uma bôa jazída de cristaes, localizada no logar denominado Morro da Ônça, a cerca de 27 quilometros desta cidade, existem noutros setores diferentes outros minérios tambem de elevada importancia e de facil extração, ocultos pela folhagem fôfa do fundo das mattas, em logares sômbrios e silenciósos pouco conhecidos, cujos locais por enquanto não poderão ser revelados pela Imprensa.
Quem vive distante sem conhecer êste quadrante da terra mineira, habitado por uma gente honesta e trabalhadora, que não poupa esforços e nem méde distancias na luta pela vida, não póde, absolutamente, fazer uma ideia exata do que êle é e do que tem, e que ainda poderá ser nos dias que virão depois. Mas, nós que aqui vivemos alegres e confortados, no meio de um pugilo de homens cultos e opulentos, que não renegam a felicidade do seu berço natal, chegamos á conclusão de que Guaratinga, está firmemente colocada na senda luminosa do progresso, causando admiração a muitas pessôas procedentes de longinquas paragens.
Aqui ninguem vive indeciso e de braços cruzados; todos trabalham com animo e são bem recompensados! Aquêle que enterrar no sólo prodigiôso de Guaratinga, uma semente, póde estár certo de que receberá com juros, e colherá o pão que lhe serve de alimento. Na medida em que os dias correm, o povo alcança o nivel da civilisação, a cidade toma um aspecto encantador com novas construções de prédios modernissimos, e todos compreendem a necessidade de destruir as matas para transforma-las em vastos campos de lavoura, procurando sempre intensificar a produção de viveres, para o conforto de outras populações. Êste ano o município produziu em quantidade suficiente para a sua manutensão, e para uma exportação jamais alcançada.
Em consequencia disto cresceu o entusiasmo entre os agricultores, muitos dos quais preveem para o proximo ano uma sáfra bem maior, se as condições do tempo forem favoraveis. Quem não planta, sabe apreciar de perto o trabalho honesto e productivo de milhares de lavradores humildes que, banhados de suôr, sôb o sól ardente de tôdos os dias, limpam as terras rôxas do município, para fazerem de Guaratinga, o maior celeiro uberrimo de cereaes do Triangulo Mineiro.
* 1: Leia “O Dia em Que Patos Deixou de Ser Patos 1 e 2”.
* Fonte: Texto publicado com o título “Guaratinga, seus minérios e sua produção” na edição de 20 de agosto de 1944 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Foto: Início do primeiro parágrafo do texto original.