SEGURADORAS ABUSIVAS

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TEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1913)

Em toda bôa causa pode entrar o abuso; e logo que este tem entrada em qualquer cousa licita e honesta, deixa ella de satisfazer o fim a que era destinada. Como sabem os leitores, fervilham em nossa Patria as companhias de seguros, cada qual offerecendo maiores vantagens, cada qual dizendo-se melhor, no afan de dar espansão à sua empreza.

Por este Minas afóra percorrem agentes de uma companhia de seguros, com sede em Passos, neste Estado, cuja honestidade não duvidamos. Nessa companhia há uma serie chamada liberal, para pessoas idosas. Querem saber o que tem acontecido por esses mundos, relativamente à dita serie? Uma verdadeira mercancia da vida do proximo!

Dominados do desejo de, em certo espaço de tempo, melhorar a sorte, os seguradores cahem sobre os velhos, cuja morte lhes proporcionará algumas dezenas de contos; e com bastante facilidade da parte do agente da companhia e dos seguradores, são feitos os seguros, muitas vezes sem o pleno conhecimento dos segurados, que, na maioria dos casos, são pessoas muito idosas, decrepitas, doentes e desvalidas! Devido as estes motivos, essas pessoas são dignas de nossa compaixão e nosso respeito, mas que nem sempre encontrarão os sentimentos de humanidade e do amôr do proximo em seus seguradores que podem ser acceitos pela companhia apezar de faltarem-lhes todas as bôas qualidades uma vez que disponham de meios para effectuar o seguro. E’ preciso, pois, que a referida companhia ponha um dique a taes abusos, evitando assim outros mais graves que podem resultar-se do emprego de sua serie liberal.

E cautella, meus velhos, com os mercadores de vossa vida!

PACIFICUS.

* Fonte: Texto publicado com o título “Repillamos o abuso!” na edição de 30 de novembro de 1913 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Primeiro parágrafo do texto original.

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