Há pessoas que nunca envelhecem. Vivem, em espirito, dentro de eterna primavera. E se, no corpo há signais de decadencia, a alma conserva até o final a flama dourada da mocidade. E’ que as durezas da vida não lhes conseguiram abater o animo, nem arrefecer-lhes o calor dos “verdes anos”.
Em nossa terra, é exemplo admiravel Eufrasio Rodrigues, o velho medico baiano, aqui radicado, lá vai por quatro decênios. Ontem, completou ele os seus setenta anos. E quem o diria vendo-o dansar e folgar com mais “eclan” do que muito rapaz no verdor dos anos! Quem o diria, ouvindo-o, o orador fulgente e magnifico cuja “verve” encanta e cuja vibração arrebata! Quem o diria, lendo-o no bifiligrama de seus sonetos, onde um ABELHUDO¹ deixa supor um moço ainda embevecido pela cadencia tropical de Castro Alves! Quem o diria, interpretando-lhes os versos, tão plenos de emoção moça e de ardores juvenis! Quem o diria, ouvindo-o declamar os poemas tão de posto da mocidade, e dizendo, na cadencia de sua voz simpatica, “em deixas enternecedoras, nos ouvidos das belas!
O nosso jornal o inclui na lista de seus colaboradores e amigos, e registrando-lhe o aniversario, apresenta-lhe a comovida expressão de sua simpatia.
* 1: Dr. Euphrasio usava o pseudônimo Abelhudo em seus artigos e em seus poemas publicados nos jornais.
* Fonte: Texto publicado com o título “Dr. Eufrasio José Rodrigues” na edição de 16 de maio de 1943 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Foto: Do livro Municipio de Patos, de Roberto Capri.