TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1984)
Há alguns meses estivemos seriamente preocupados com a destruição dos bancos das praças, telefones públicos, protetores e árvores da Rua Major Gote. Fiquei sabendo posteriormente que uma ação policial enérgica e silenciosa, praticamente pôs fim pelo menos à depredação dos bancos, que vinha sendo feita por adolescentes. De um modo geral, apesar de não haverem sido totalmente sanados os outros problemas, sua incidência diminuiu bastante nos últimos dias.
Na semana passada, recebi do amigo Antônio do Valle Ramos, eficiente Diretor do Departamento da Fazenda Municipal, algumas cópias xerox de um expediente de seu departamento, que causa tristeza aos mais insensíveis.
Um documento datado de 22 próximo passado, comprova o pagamento feito à Centrais Elétricas de Minas Gerais − CEMIG, pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas, no valor de Cr$ 464.444 (quatrocentos e sessenta e quatro mil e quatrocentos e quarenta e quatro centavos).
Outros documentos seguintes esclarecem a origem do débito: “valor referente à substituição de material danificado e/ou roubado na rede de iluminação pública”, e numa demonstração do modelo de organização que é a marca registrada da CEMIG, são mencionados os nomes das ruas e os números dos imóveis em cuja frente estão localizados os postes, com a relação especificada do material quebrado e seu respectivo valor: 01 lâmpada incandescente de 100w, 09 lâmpadas incandescentes de 200w, 06 lâmpadas a vapor de mercúrio de 80w e 25 lâmpadas a vapor de mercúrio de 125w.
No rodapé de uma das páginas, em um bilhete, o prezado Antônio do Valle afirma que “temos pago todo mês, em torno disso aí e acontece que a incidência está aumentando”. É ou não é para causar tristeza, em uma época de tantas dificuldades e necessidades, ver-se uma administração municipal engrenada e voltada ao bem comum, fazer um desembolso da ordem de cinco ou seis milhões de cruzeiros por ano, para cobrir danos causados por irresponsáveis?
Na pior das hipóteses, com esses recursos, poder-se-ia no mínimo, adquirir-se o material necessário para a construção de três casas para transferir moradores da margem do Rio Paranaíba, livrando-os das futuras enchentes, dentro deste trabalho de fôlego que vem sendo desenvolvido conjuntamente pela Prefeitura e pela COMDEC.
Observa-se no relatório que as quarenta e duas ruas onde ocorreu a depredação à exceção de uma, estão situadas em diversos bairros, o que sem dúvida alguma torna ainda mais difícil a ação preventiva ou mesmo corretiva, mas apesar disto, não se pode deixar de esperar com confiança, que uma vez mais, as autoridades competentes façam tudo para coibir este abuso.
* Fonte: Texto publicado com o título “Dinheiro Jogado Fora” na edição n.º 103 de 15 de novembro de 1984 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: accmetrologia.com.br, meramente ilustrativa.