O CCC – Centro de Cultura Cinematográfica de Patos de Minas, segundo me foi dito pelo José Odilon, foi uma ideia dele próprio apoiado pela mesma turma que criou a UEP – União dos Estudantes Patenses. José Odilon nasceu em Presidente Olegário, filho do Sr. Dico, ex-prefeito da cidade e que tinha por hobby passar filmes em um cinema criado em um galpão anexo à sua casa. José Odilon herdou o gosto pelo cinema e quando foi estudar em Patos de Minas nos anos 60, e sendo um dos vanguardistas da época, trabalhou para que, junto com amigos, criassem o Centro de Cultura Cinematográfica – CCC.
Quando eu retornei do seminário dos Irmãos Marista em Mendes, estado do Rio de Janeiro, aos 15 anos de idade, o CCC estava desativado. Juntos com meu primo José Roberto Amorim e com o Josalberto Martiniano de Castro e fortemente influenciado por estes dois intelectuais, conseguimos uma sala no Edifício Paranaíba, onde então funcionava o escritório do contador Deodato e do Herval Martins dos Passos e do saudoso professor Waldemar Mendes. A sala foi cedida para que aos sábados nos reuníssemos para, sob a batuta do Josa e do Zé Roberto, estudássemos a arte do cinema por meio de um material catalogado e já existente do movimento anterior.
Conseguimos com o apoio do MEC um material audiovisual sobre a história da arte e ainda de quebra uma assinatura da revisa Cahiers du Cinema, revista francesa com uma versão em português que nos alimentava com as últimas informações sobre s sétima arte. Neste segundo momento em que me engajo no projeto, éramos apenas quatro a frequentar as reuniões dos sábados: Josa, Zé Roberto, Evandro Lemos (Din) e eu.
Estavam na ativa dois cinema na cidade, o Cine Riviera e o Cine Garza, com os quais fizemos um acordo de exibir cartazes com notas para os filmes que ali passavam. No entanto desistimos da tarefa, pois o nosso conhecimento sobre cinema ultrapassava em muito a grande maioria dos enlatados americanos e causaram mal-estar com os exibidores.
Chegamos a promover um festival de Curtas Metragens e trouxemos o crítico do Estado de Minas, José Abelha, para uma palestra sobre o tema. As simpáticas irmãs do Colégio Nossa Senhora de Fátima nos cederam um projetor e uma sala para o evento que foi um retumbante fracasso, já que só comparecemos nós do CCC.
Enfim, como não havia faculdades em Patos de Minas, fomos nos formar em Belo Horizonte, como era o destino de quase todos os estudantes que terminavam o científico no Colégio Estadual ou no Colégio dos Maristas.
Não chegamos a fazer sucesso com nossa empreitada, mas certamente, todos nós, tivemos a oportunidade de aprender o suficiente sobre arte de maneira geral com o resiliente Cento de Cultura Cinematográfica de Patos de Minas, passo importante para nossas carreiras futuras e quem sabe agregamos algum conhecimento à conservadora Patos de Minas.
* Fonte: Texto de Luiz Carlos Baeta Neves.
* Foto: Arquivo de Luiz Carlos Baeta Neves.