PANAIR MUDA A FISIONOMIA DA CHAPADA

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TEXTO: FOLHA DE PATOS (1944)

Não há muitos anos, o campo da Chapada era um aprazível local de passeio, onde, nas tardes quentes de janeiro, podia-se contemplar o mais belo por do sol. A lagoa, a velha Lagoa Grande, com o seu bambual dormindo, espelhava a purpura dos ceus, e dava ao espirito uma sensação de quietude. A cidade ficava longe, e a serra ao fundo aparentava um tom azulado, diáfano e sereno.

Hoje, numa mesma tarde de verão, calida e sufocante, o mesmo campo já não é mais o recanto amoravel onde se podia descansar na macieza das tardes, ao embalo do monótono e reconfortante murmurio dos prados. A vida urbana já chegou até lá. Aqui, são casebres de trabalhadores; ali, a praça de esportes, o moinho de trigo, um milharal em espiga, uma vivenda romântica em meio de laranjeiras alinhadas; e acolá, o vasto campo de pouso dos aviões, e as torres das instalações da Panair do Brasil¹.

A “Folha de Patos”, foi ver, gentilmente convidada, o que existe perto daqueles oito mastros pintados de vermelho e branco que tanto contribuem para desfigurar a paisagem do campo ameno que o patense tanto estimava. Ali estava o engenheiro especializado dr. Antonio da Silva Fagundes que nos recebeu e nos deu as explicações que desejamos para os nossos leitores.

Estão ali montadas as instalações de radio da poderosa companhia. Tudo o que há de mais moderno no gênero: telegrafia e telefonia sem fios (daquelas que a gente vê no cinema) e que permite a estação conversar com o avião em pleno vôo. Motores possantes para fornecimento da energia elétrica e abastecimento de agua que é captada no proprio solo do lençol subterrâneo.

As pequenas casas das maquinas são construidas de maneira especial que permite seja mantida temperatura constante apropriada ao funcionamento dos delicados aparelhos instalados.

Uma explicação de carater tecnico seria enfadonha para os nossos leitores, mas podemos informar que tudo o que a grande companhia de transportes aereos montou no campo da Chapada honra a organização e prestará serviços valiosos ao desenvolvimento do Brasil central. A gentileza do dr. Fagundes ainda nos informou que será erguida pela Cia. um moderno predio para o aeroporto, bem como se estuda a possibilidade da construção de um edificio para apartamentos nas imediações do campo.

Quando terminamos a visita que nos proporcionaram o dr. Antonio da Silva Fagundes e o sr. José Juca Borges, agente da Panair, em Patos, e lhe agradecemos as atenções recebidas, como velhos patenses, damos por bem feitas as alterações da paizagem tão querida.

O homem modifica a geografia, observam os sábios, mas quando esta modificação é para elevá-lo cultural e materialmente, torna-se motivo de orgulho. O agente da Panair em nossa terra é um patense que chorou porque Patos mudou de nome², mas por isso mesmo pode estar satisfeito pela obra que ajudou, na modestia do seu cargo, a construir.

A paizagem modificada dá uma nova fisionomia à cidade. Que seus homens compreendam o ritmo do tempo e avancem com a época.

* 1: Leia “Anunciada a Vinda da Panair”, “Inaugurada a Linha da Panair”, “Anunciada Melhorias no Campo de Aviação”, “A Chegada da Panair e a Necessidade de Novo Aeródromo”.

* 2: Leia “Patos Mudará de Nome?”, “O Dia em Que Patos Deixou de Ser Patos I e II”, “Ano Novo, Novo Nome da Cidade, Novas Esperanças”, “O Patense Agradece o Retorno ao Nome Original da Cidade”.

* Fonte: Texto publicado com o título “Nova Fisionomia” na edição de 19 de março de 1944 do jornal Folha Patense, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Foto: Do livro Patrimônio de Santo Antônio: Do Sítio ao Templo, de Sebastião Cordeiro de Queiroz, publicada em 20/01/2017 com o título “A Chapada na Década de 1940”.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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