TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1984)
Parece marcação; parece pirraça e até já houve quem pensasse em “coisa organizada”, mas seja lá o que fôr, o que continua a acontecer aqui em Patos de Minas, sem que ninguém sofra as conseqüências de seus atos, é algo revoltante e vergonhoso.
Quando já estava impresso o editorial anterior¹, antes porém da circulação do último número de A DEBULHA, novas árvores da Major Gote foram quebradas; mais um banco da Getúlio Vargas (entre Brasil e Marechal Floriano), foi cruelmente triturado; cinco ou seis outros da Praça Josefina Mourão foram quebrados e para completar, numa fúria criminosa que chega até a meter medo, defronte à agência do Banco Real², a pequena árvore ali plantada, juntamente com seu protetor, foram massacrados, como num despique de alguém contra outrem ou alguma coisa.
Enquanto isto, mais de uma dezena de protetores das árvores da Major Gote, foram danificados totalmente ou em parte, por motoristas descuidados, incompetentes ou maldosos, ao manobrarem seus veículos à beira da calçada.
Já ouvi alguém querendo justificar, dizendo que os referidos protetores foram colocados muito próximos ao meio fio e por isto estão sendo danificados nas balisas e manobras de veículos. Esta afirmativa chega a ser cômica, se não irônica, pois a distância entre aquelas grades e o meio fio é exatamente a mesma que existe entre os postes da rede elétrica e o mesmo e pouquíssimas são as vezes que os motoristas têm jogado seus carros sobre eles, ao fazerem suas manobras, por uma razão óbvia. É que os postes ao invés de serem confeccionados com frágeis grades revestidas de tela, são feitos com resistente concreto, e a cada abalroamento, por leve que seja, o veículo é muito mais danificado que o “obstáculo” e além disto, se a avaria ocorre com o poste, a CEMIG, dentro de sua organização quase que perfeita, acaba por localizar o motorista responsável pelo dano e todos sabem que um daqueles postes custam um dinheirão…
É sempre o medo das consequências da represália que impede a ação destruidora, mas infelizmente, no que se refere ao bem público, nada tem acontecido aos que praticam a destruição.
Ainda nestes últimos dias, quando se desenvolvia a campanha política da União dos Estudantes Patenses, muitos muros, paredes e postes foram lambuzados com os famigerados cartazes de propaganda eleitoral e ao que tudo indica, ninguém viu isto acontecer, assim como ninguém tem visto os bancos, as placas, os telefones públicos, as árvores e seus protetores, serem destruídos.
Alguma falha ou omissão muito grave está ocorrendo e não sei a quem atribuí-la.
Tenho observado que o policiamento da Avenida Getúlio Vargas e da Rua Major Gote, tem sido inconstante e deficiente em número, além de não prolongar até muito tarde da noite e volto a afirmar, que não vejo outra forma de reprimir os abusos, senão através de um policiamento intensivo e ostensivo, embora não tenha conhecimento de qual seja o contingente policial disponível.
Mas é preciso que se corrijam as falhas urgentemente, antes que os depredadores acabem com tudo e ainda fiquem rindo dos “bobos” que ousam dizer alguma coisa.
* 1: Leia “Depredadores em Ação em 1984 − 2”.
* 2: Onde hoje é o Banco Santander, na Rua Olegário Maciel, entre a Praça Abner Afonso e a Major Gote.
* Fonte: Texto publicado com o título “Tudo como dantes…” no Editorial do n.º 94 de 30 de junho de 1984 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Ordemeliberdadebrasil.blogspot.com, meramente ilustrativa.