DEPREDADORES EM AÇÃO EM 1984 − 2

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TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1984)

No editorial anterior falei sobre o grave problema do desrespeito e da destruição do bem público, que vêm ocorrendo em nossa cidade há muito tempo¹.

Agora recentemente, durante os dias da Festa do Milho, outras das recém-plantadas árvores da Rua Major Gote foram quebradas².

Na Avenida Brasil, confluência com a Getúlio Vargas, onde funcionava um ponto de ônibus com destino ao Parque de Exposições, a partir das vinte horas aproximadamente, até alta noite, havia sempre um aglomerado de pessoas e com isto, as pequenas placas onde se lia “Favor não pisar na grama”, afixada em hastes de madeira profundamente enterradas sobre os canteiros plantados há pouco, foram arrancadas e atiradas fora, como se a gentil solicitação se constituísse em pesado desaforo, que merecesse tal represália. (inclusive tive a oportunidade de recolher uma delas, entregando-a posteriormente nas mãos de meu amigo Dr. Aldo, vice-prefeito municipal).

No último dia 9, por promoção de um dos nossos colégios, realizou-se um baile com grande movimento, no ginásio poliesportivo do PTC e na manhã de domingo, dois bancos da quadra da Getúlio Vargas, situada entre a Avenida Brasil e a Rua Marechal Floriano, arrancados de suas bases, estavam atirados ao solo.

É fácil se concluir pois, que nas noites em que há festas com muito movimento, a coisa se agrava mais.

As campanhas de esclarecimento e os apelos, continuam sendo feitos e é necessário que continuem, porque sem dúvida alguma irão produzir resultados dentro de algum tempo, mas o que me preocupa e posso sentir que preocupa a todos, é a necessidade de uma ação que acabe imediatamente com o sério problema.

Tenho visto algumas vezes, duplas de militares fazendo o policiamento da Getúlio Vargas e da Major Gote, mas apesar da observação que tenho feito, não posso afirmar se isso ocorre regular e constantemente, como também não sei, qual o contingente com que conta a 1.ª Companhia do 15.º BPM para este trabalho, mas o certo é que se torna necessário o deslocamento de um maior número de homens, para executá-lo intensamente até altas horas nas noites normais e durante toda a noite, quando houver grande movimento de festa.

Tantas foram as manifestações de apoio recebidas pelo último editorial, que não tenho a menor dúvida de que a população patense está saturada de tanto vandalismo e ansiosa por uma ação pronta e enérgica, que receberá total apoio da comunidade, embora todos estejamos conscientes de que muitas pessoas boas e bem intencionadas, haverão de sofrer no princípio, ao verem elementos diretamente ligadas a elas serem punidos. Mas não é por isto que se pense em “deixar como está para ver como é que fica”.

O que se observa com curiosidade, é que nunca se ouviu falar que alguém aqui, tenha sido detido ou punido por tais atos, que ocorrem há anos e anos em nossa cidade, e talvez, pela contumaz impunidade, vão aumentando em grau e em número, cada vez mais.

Até quando haverá de perdurar este estado de coisas? Até quando o bem público será destruído impunemente?

É urgente que as autoridades competentes se reúnam e estudem os meios, humanos mas rígidos, para se pôr um fim a esta verdadeira calamidade.

* 1: Leia “Depredadores em Ação em 1984 − 1”.

* 2: Leia “Campanha de Arborização da Nova Rua Major Gote − 1983”, “Reforma da Rua Major Gote em 1983”.

* Fonte: Texto publicado com o título “Até Quando” no Editorial do n.º 93 de 15 de junho de 1984 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Ordemeliberdadebrasil.blogspot.com, meramente ilustrativa.

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