Dentre as Bandas de Música civis a LIRA MARIANA PATENSE foi a única que resistiu e apresenta hoje, um histórico dos mais brilhantes e honrosos, completando 42 anos de existência. A corporação musical já viveu grandes momentos em sua história, realizando retretas e alvoradas e animando festas religiosas ou civis nos Distritos e Sedes da grande maioria dos municípios do Alto Paranaíba.
Fundada em janeiro de 1942 pelo Sr. Messias Feliciano Ferreira que, impulsionado pelo ideal de valorizar a nossa cultura e possuindo um bom conhecimento musical, sentiu, em 1941, a necessidade de formar uma Banda de Música em Patos de Minas. Recém chegado da cidade mineira de Oliveira, em 1939, atraído pelas amizades, o Sr. Messias Feliciano, trabalhou como padeiro e como encanador da Prefeitura Municipal, onde se aposentou e a ele devemos em grande parte, a existência da corporação, hoje.
Começou a dar aulas de música em 1941 e já em janeiro de 1942, na tradicional Festa de São Sebastião estreava a LIRA PATENSE com 23 componentes. Após 4 anos de atividades a LIRA PATENSE interrompeu suas atividades em 1946, e após 5 anos paralizada, em 1951, o Sr. Messias Feliciano incansável e batalhador, recomeçou as aulas e os ensaios. Em junho, na festa do padroeiro da cidade, Santo Antônio, voltou a LIRA PATENSE a animar nossas festas. Após mais cinco anos de atividades, a banda paralizou, novamente, em 1956.
Em 1958, impulsionada por uma campanha da imprensa local, liderados pelos radialistas Waldir Nascimento, Edson Nunes de Paula, José Maria Vaz Borges e Delásio Lico, a corporação adquiriu novos instrumentos e passou a se chamar BANDA CARLOS GOMES. Tendo ainda como organizador e maestro o Sr. Messias Feliciano a BANDA CARLOS GOMES se dissolveu em 1961.
Em 1962, ressurgiu sob nova organização, com o Frei Davi, frade capuchinho italiano, que trouxe para a corporação diversos congregados marianos. Assim a Banda passou a se denominar LIRA MARIANA PATENSE, com o comando musical dos maestros Ítalo e João Duarte Campos, conhecido como Prof. Zico Campos. Em 1965, após a volta do Frei Davi para Itália, a LIRA se dissolveu e permaneceu 14 anos paralizada, sendo este o maior período sem atividades de sua trajetória.
Em 1979, agora sob a presidência do Sr. Antônio Severo, tendo como vice o Sr. Manoel Cotote Sobrinho, a LIRA MARIANA PATENSE retorna finalmente, suas atividades. Em 1983, a direção foi assumida pelo ex-vice presidente, Sr. Manoel Cotote Sobrinho, que desde 1982 com o afastamento do Sr. Antônio Severo, já vinha dirigindo a corporação.
Segundo os depoimentos dos componentes da Corporação, os períodos de crises e interrupções da LIRA PATENSE, BANDA CARLOS GOMES e depois LIRA MARIANA PATENSE, ocorreram principalmente devido a falta de recursos materiais e financeiros e ao pequeno apoio das autoridades ao setor artístico cultural. As aulas eram gratuitas e os ensaios realizados nas casas dos componentes da Banda. As despesas com compra e reforma dos instrumentos e fardas eram feitas com recursos próprios.
As dificuldades são visíveis, mas a cada tropeço uma nova levantada e hoje, a LIRA MARIANA PATENSE, além de significar um símbolo de resistência, de preservação histórica de nossos valores, contribui, e muito, para o engrandecimento do movimento artístico-cultural do Alto Paranaíba.
* Fonte: Texto de Romero Santos da Silva publicado com o título “A Trajetória da LIRA MARIANA PATENSE” na edição n.º 92 de 15 de maio de 1984 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Arquivo de Marialda Coury publicada em 26/01/2015 com o título “Lira Mariana Patense − 55 Anos em 1997”.