BANDA DE MÚSICA DO 15.º BPM – 1975 a 1984

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DSC02107“… A minha gente sofrida/Despediu-se da dor/Prá ver a banda passar/Tocando coisas de amor…”. Esse trecho de consagrada música do grande compositor da MPB, Chico Buarque de Holanda, dá uma dimensão exata do que é a música de banda: seus dobrados alegres, suas marchas contagiantes e seu lirismo envolvente, que toca o que de mais profundo há no ser humano, a sua sensibilidade. Ninguém é capaz de se manter alheio, quando uma banda executa uma retreta, espalhando seus compassos harmoniosos e alegres, enfeitando a existência das pessoas, colorindo solenidades cívicas, militares e religiosas, ou simplesmente tocando para despertar nos homens a sua sensibilidade, muitas vezes embotada pelo duro e conturbado realismo dos nossos dias.

Em Patos de Minas, temos o privilégio de poder contar com uma excelente corporação musical, a Banda de Música do 15.º BPM, que vem dando seu recado de alegria, lazer e cultura, com muita dedicação, marcando presença constantemente nos principais acontecimentos da comunidade patense e de toda a área jurisdicionada ao 15.º BPM, ao qual está integrada.

Temos assistido suas apresentações em público: acompanhado e admirado suas retretas, abrilhantando e animando festividades de toda a natureza, e sempre concordamos em que uma banda como a do 15.º BPM dá mais vida e beleza a uma comunidade, vindo daí sua grande importância no contexto sócio-artístico-cultural desta mesma comunidade.

Por esta razão, a direção de “A Debulha”, entendeu por bem – e aprovamos de imediato a iniciativa – procurar o maestro daquela Corporação Musical, Tenente Venerando Domingos Correia, com a finalidade de conhecer mais de perto e melhor, sua trajetória histórica, sua atual estrutura, planos a serem desenvolvidos visando seu aprimoramento no campo humano, instrumental e técnico. Acompanhados pelo nosso Diretor Executivo, João Marcos Pacheco, estivemos no 15.º BPM, sendo recebidos pelo Maestro Tenente Venerando, que nos conduziu à sala de ensaios da Banda, onde pudemos manter contatos com seus integrantes. Naquela oportunidade, fomos brindados pela Banda, com uma retreta, sendo executadas várias peças musicais (dobrados, marchas, músicas clássicas e populares), entre as quais, duas músicas compostas por patenses, o nosso conhecido Dalla, e o já saudoso “Rei dos Catireiros” (Libânio Silvério).

Foram momento muito agradáveis, e entre uma e outra execução musical, fomos conversando num clima muito cordial com o Maestro, e ouvimos dele alguns aspectos que aqui registramos em homenagem à Banda do 15.º BPM.

A Banda de Música do 15.º BPM, foi instituída logo após a instalação daquela Unidade Militar em Patos de Minas, o que aconteceu em 04/03/1975.

O então Subtenente David Marcelino dos Santos, músico experiente e dedicado, decidiu tomar a si a empresa de organizar a Banda de Música da nova Unidade Militar, recrutando cerca de 80 civis da própria região, objetivando formar o quadro de músicos da corporação.

Recrutados os candidatos, Maestro David Marcelino realizou vários testes, aproveitando parte deles na composição da primeira Banda de Música do 15.º BPM, que foi integrada ainda naquela oportunidade, por cinco Sargentos Músicos, que vieram de outras Unidades da nossa Polícia Militar. Recrutados e selecionados os músicos, era necessário providenciar o instrumental, até então inexistente. Como a Paróquia de Santa Terezinha, mantida pelos Frades Franciscanos em Patos de Minas, possuía um instrumental usado, que era utilizado pela Banda Lyra Mariana Patense, então inativa, foram feitos contatos com o Vigário daquela Paróquia, Frei Joaquim de Gangi, que se prontificou a ceder os instrumentos para que a Banda do 15.º BPM pudesse funcionar plenamente.

Assim, sob a batuta do Subtenente Q.O.R. David Marcelino dos Santos, e com instrumentos cedidos pela Paróquia de Santa Terezinha, a Banda iniciou suas atividades e em 25 de agosto de 1975, fez sua primeira apresentação, no pátio do 15.º BPM. A primeira apresentação pública externa ao Batalhão, aconteceu naquele mesmo ano, na Matriz de Santa Terezinha, durante festejos religiosos, em homenagem àqueles que emprestaram com muita boa vontade os instrumentos para que a Banda pudesse funcionar.

Segundo o Tenente Venerando, atual Maestro da Corporação, a primeira viagem para fora da sede do 15.º BPM, foi com destino à cidade de Vazante-MG, para abrilhantar e animar festejos religiosos. Além da cidade de Vazante, que foi a primeira a ser visitada pela Banda do 15.º BPM, a Corporação já se apresentou nas seguintes cidades: Araxá, Patrocínio, Paracatu, Unaí, João Pinheiro, Monte Carmelo, São Gotardo, Coromandel, Carmo do Paranaíba, Guimarânia, Serra do Salitre, Lagamar, Lagoa Formosa, Rio Paranaíba, Presidente Olegário, Romaria, Cascalho Rico, Perdizes e Pirapora (que não pertence à área jurisdicionada ao 15.º BPM), além de várias outras cidades, vilas e distritos. Após algum tempo funcionando com instrumentos da Paróquia de Santa Terezinha, a Banda recebeu instrumentos usados, provenientes das Bandas do 1.º BPM e D.I., instrumentos esses de fabricação francesa. Posteriormente, devido ao seu crescimento e à sua condição de Corporação Musical em evolução constante, recebeu instrumental novo (Yamaha), de fabricação japonesa, utilizado até hoje pelos seus músicos.

O primeiro regente da Banda foi o Subtenente David Marcelino dos Santos, sendo substituído pelo Subtenente Sebastião Nascimento e hoje, a batuta está com o Maestro Tenente-PM Músico Venerando Domingos Correia, que é auxiliado com muita eficiência, pelo 1.º Sargento Músico João dos Reis.

Atualmente a Banda 15.º BPM é composta por 30 integrantes, inclusive o Maestro, sendo que desses 30, apenas 4 tinham conhecimentos musicais antes de ingressarem na Corporação, e apenas 9 dos atuais músicos estão na Banda desde sua instituição.

O quadro físico está composto pelos seguintes instrumentos: 1 flautim, 6 clarinetas (2 primeiras clarinetas, 2 segundas e 2 terceiras), 2 saxofones altos (1 sax tenor e 1 sax barítono), 1 bombardino, 4 trombones de vara, 3 saxes hornes, 3 pistons, 4 contrabaixos, 1 bombo, 1 par de pratos e 1 tarol.

A Banda de Música do 15.º BPM evoluiu com o passar dos anos, e hoje tem em seu repertório, músicas clássicas, populares, dobrados, choros, marchas, valsas, e muitos dos arranjos por ela executados, são de autoria do seu atual Maestro, Tenente venerando.

A reportagem de “A Debulha” manteve contatos com o Subcomandante do 15.º BPM, Major-PM Elen Wilson de Oliveira, sendo recebida por aquela autoridade com muita cordialidade e aprêço. No dia 12, voltamos ao 15.º BPM para complementar nossa reportagem sobre a Banda, e fomos recebidos pelo Comandante daquela Unidade Militar, Tenente-Coronel Raimundo Nonato Vieira, com quem mantivemos, um diálogo bastante proveitoso, cordial e franco.

Do Comandante do 15.º BPM, a reportagem de “A Debulha” ouviu a promessa de que tudo fará para integrar sua Unidade à Comunidade Patense e Regional, e, de modo especial, integrar a Banda às diversas atividades cívicas, religiosas, artísticas e culturais de Patos de Minas e de toda sua área de circunscrição. Segundo informou à nossa reportagem o Tenente-Coronel-PM Raimundo Nonato, de sua parte, não faltará o apoio para que essa integração aconteça.

Com a sincera disposição do Comandante em realizar um trabalho conjunto e harmônico com a comunidade; com o trabalho sério e dedicado do Maestro Tenente Venerando, e com a brilhante capacidade musical dos seus integrantes, a Banda de Música do 15.º BPM certamente continuará crescendo, ocupando o seu verdadeiro lugar no cenário artístico-cultural patense e regional, e quem ganhará com isso, seremos nós, que teremos a oportunidade de contar sempre com uma excelente Corporação Musical embelezando nossos eventos, sejam cívicos, militares, religiosos, ou culturais. E com o passar dos tempos, nós, nossos filhos e netos, haveremos de ter sempre a gostosa e sadia alegria de “ver a Banda passar, tocando coisas de amor”!

* Fonte: Texto de Antônio Laércio da Rocha publicado com o título “Em Foco a Banda de Música do 15.º BPM” na edição n.º 99 de 15 de setembro de 1984 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

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