DEPREDADORES EM AÇÃO EM 1984 − 1

Postado por e arquivado em ARTIGOS.

TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1984)

Tanto quanto possível, tenho evitado abordar daqui deste espaço, assuntos desagradáveis que evidenciem aspectos negativos de nossa cidade, mas hoje, diante do que vi na semana passada − que me perdoe o prezado leitor − não posso me silenciar.

Sem nenhum demérito para as administrações municipais anteriores, acredito que nenhuma delas tenha se esmerado tanto no setor de limpeza urbana e no trabalho de melhoria deste importante setor, que é o visual da cidade. Jardins e praças vão sendo remodelados com bom gosto e zelo, dando às vias públicas, um aspecto mais agradável e humano. Um intenso trabalho de arborização vai sendo executado, para contrastar com as imensas áreas de concreto e de asfalto.

Há quinze ou vinte dias atrás, iniciou-se um importante trabalho, com a arborização da Rua Major Gote¹, desde o Km zero até a Praça Antônio Dias, mediante o plantio de duzentas e noventa e quatro quaresmeiras, à distância aproximada de oito metros uma da outra, nas margens das duas calçadas, que irão proporcionar dentro de um período relativamente curto, a sombra da qual é tão carente nossa cidade e especialmente aquela principal artéria, além de uma bela paisagem.

Protetores confeccionados em tela, foram colocados em torno delas, graças a um trabalho do Lions Clube, numa tentativa de preservar as pequenas plantas, principalmente das agressões involuntárias. Uma campanha de alerta pela preservação do bem público e da limpeza da cidade, vem há muito tempo, sendo feita através da imprensa, e agora ela deverá ser intensificada nas escolas, visando atingir especialmente nossa população mais jovem e isto é muito bom válido, como prevenção para o futuro.

Apesar de tudo, infelizmente, não existe a compreensão de todos e alguns apenas, tenho certeza, preferem destruir, a conservar o que está construído. Assim, quem percorre nossas praças e jardins, verá a desoladora imagem da depredação: bancos destruídos em sua quase totalidade, como se um exército de verdadeiros “Hulks”, por aqui tivesse passado; telefones públicos totalmente danificados, numa sanha criminosa; árvores quebradas e a grama e pequenas plantas esmagadas pelos pés e rodas de bicicletas ou motos.

Na manhã do último dia 6, ao passar pela Major Gote, vi, desolado e revoltado, cinco das pequenas árvores, nas proximidades do Hospital Regional, impiedosamente quebradas e atiradas ao solo.

Se o que aqui vem acontecendo fosse fruto de peraltice de crianças, não poder-se-ia reparar muito, pelo fato de serem elas ainda, irresponsáveis pelos seus atos. Acontece que a depredação que tem se verificado, ocorre quase sempre na calada da noite, quando as crianças não costumam circular pelas ruas, ou se o fazem, estão acompanhadas por algum responsável, donde se conclui que os seus autores devem ser adultos e portanto, capazes de aguentar as consequências.

Durante o dia, a própria população protege o bem público, mas por volta de vinte ou vinte e uma horas, geralmente a cidade perde esta proteção. É aí então, que não vejo, no momento e para já, uma solução que não seja a repressão enérgica, através de um policiamento intensivo e ostensivo, pois lamentavelmente, certas pessoas só costumam respeitar o que lhes é imposto pela intimidação.

Provavelmente, algumas pessoas bem intencionadas, haveriam de sofrer em princípio, pelo seu filho, irmão, parente ou amigo, até que as campanhas educativas pudessem apresentar seus resultados definitivos, mas o grave problema poderia estar resolvido desde agora.

* 1: Leia “Campanha de Arborização da Nova Rua Major Gote − 1983”, “Reforma da Rua Major Gote e 1983”.

* Fonte: Texto publicado com o título “Atitude Revoltante” no Editorial do n.º 92 de 15 de maio de 1984 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Ordemeliberdadebrasil.blogspot.com, meramente ilustrativa.

Compartilhe