Você já parou um minutinho só para pensar sobre o como uma aranha liga a sua teia entre dois galhos de uma árvore? Pois é, é muito engenhoso. Ela prende a ponta de uma teia num galho, vai produzindo fio e ao mesmo tempo descendo por ele, ficando dependurada. E ali ela fica, ao sabor do vento. Sim, pois ela só faz isso quando há vento. E quando há vento, ela, dependurada em seu próprio fio, fica balançando para lá e para cá, até que ela consegue alcançar o galho próximo. Feito isso, ela prende o fio neste galho e está pronta uma espécie de ponte de transição entre os dois galhos. Então, é só descer, subir, ir para lá, ir para cá, e eis que a linda teia está pronta. Não é esplêndido?
Tem uma ave de rapina lá no Alasca que adora tutano, aquele miolo do osso. E esta ave é enjoada, pois o que ela mais gosta é do osso fêmur. Mas como chegar até o tutano? Ela não tem bico suficiente para quebrar o osso. Nada complicado. Ela pega um fêmur qualquer de um animal morto com as poderosas patas e alça um vôo bem alto. Lá de cima ela procura um solo essencialmente rochoso. E das alturas o osso é solto. Ele desce, desce e… às vezes na primeira tentativa o fêmur se choca contra as rochas e resiste. Mas a ave não desiste. Novo vôo, e outros se necessários, até que o osso se parte ao meio, vislumbrando o alimento que para ela é delicioso. Não é fabuloso?
E aquelas abelhas pequenininhas sem ferrão? Na entrada da colméia, seja num galho de árvore ou num canto de uma casa, elas fabricam uma espécie de porta de entrada de cera parecida com um cone abaulado, com uma pequena abertura o suficiente para a entrada e saída. Durante o dia é um entra e sai danado. Vai chegando a noite, o incrível começa a acontecer. Elas vão fechando a abertura aos poucos, e até parece que tem algumas que ficam pelas redondezas dando o sinal de que é hora de todas se recolherem. Aí, quando a abertura já quase inexiste, uma delas põe a cabecinha para fora, como a verificar se tem alguma retardatária. Ela fica lá alguns minutos e, percebendo que todas estão em casa, recolhe a cabecinha e a abertura é totalmente lacrada. Ao raiar do dia, eis que a abertura é refeita e o entra e sai reinicia. Não é genial?
Pois é, coisas da Natureza. Olhando assim, a Natureza é bela, encantadora, e suas criaturas praticam atos que muitas das vezes a gente não consegue acreditar como elas conseguem. Como estas criaturas adquirem a capacidade de produzir feitos que para nós dependam de algum grau de inteligência? Afinal de contas, aranhas, aves de rapina, abelhas e todos os animais possuem algum grau de inteligência? Sim ou não? Seremos nós, os Humanos, os únicos possuidores de inteligência, os únicos capacitados a arquitetar um plano de ação e executar este plano com galhardia?
A Natureza é bela. Sim, bela, vista pelo prisma descrito acima. A realidade, porém, é cruel, pois a Natureza é essencialmente cruel com todos os seres que a compõe. A aranha fabrica a sua teia com a finalidade ímpar de caçar, de matar. A ave de rapina se alimenta do tutano de um animal que muito do provavelmente já servira de alimento para outro. Ela própria é craque em matar. A abelha sem ferrão faz o que pode para fugir da probabilidade de ser caçada, morta e servida como alimento. Mas ela também tem as suas artimanhas para caçar e matar. Assim é a natureza. Desde um ser unicelular até a potência máxima da inteligência, o Humano, o que impera é o dom da arte de matar para sobreviver. Na Natureza, só sobrevive quem mata. Mas alguém vai dizer que os animais herbívoros, isto é, vegetarianos, não matam para se alimentarem. Como não? Qualquer tipo de vegetal não é uma vida? Pois então, quantas vidas vegetais se vão pelo hábito alimentar dos herbívoros? Na Natureza, é a cruel realidade, só sobrevive quem mata. Coisas da Natureza!
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Br.pinterest.com, meramente ilustrativa.