MANDA QUEM PODE, OBEDECE QUEM TEM JUÍZO

Postado por e arquivado em CANTINHO LITERÁRIO DO EITEL.

É sabido que, entra ano e sai ano, sai ano e entra ano, as estradas rurais são tão mal cuidadas pelo poder público que assusta ao mais arraigado espírito de Jó entre os munícipes do campo. Na lógica, o tempo da seca é o período propício para o desenvolvimento de estudos e após elaboração das estratégias de ações para a manutenção adequada de, senão de todas, pelo menos das mais importantes. É a lógica, sem nenhum senão. O problema, o enorme problema, é que a tal lógica inexiste no poder público. Por isso, no tempo da seca, as estradas rurais não recebem a manutenção adequada.

Então, chegam as águas. E as águas, que não têm absolutamente nada com a incapacidade do poder público, simplesmente descem sobre a terra cumprindo o seu destino intermitente. E encharcam as estradas rurais totalmente despreparadas para recebê-las. Vem então um destrambelho medonho, com várias comunidades produtivas tendo seus negócios prejudicados, sinônimo de prejuízos por incapacidade de entregarem suas produções à Sede ou a outros destinos.

Aí vem de novo o tempo da seca, o período propício para o desenvolvimento de estudos e aquela lereia de sempre dita aí em cima. E a lereia do poder público se repete: nada é feito e as águas, que não têm absolutamente nada com a incapacidade do poder público, simplesmente descem sobre a terra cumprindo o seu destino intermitente e acontecem as lereias ditas acima. E aí vem de novo o tempo da seca e… basta!

Basta, para lembrar uma ação do nosso saudoso Prefeito Clarimundo José da Fonseca Sobrinho, o Prefeito Camundinho, em plena Era Vargas e Segunda Guerra Mundial. Foi no ano de 1942, onde chovia muito no Município e na estrada que dá acesso à comunidade de Mata dos Fernandes tinha se formado uma voçoroca, impedindo o trânsito até de carros de bois, prejudicando o ir e vir dos moradores da região. Estes foram até Camundinho para solicitar reparo imediato. Com a sua boa vontade característica, ele, acompanhado do responsável pelo setor, foi ao local para verificar a situação. Perguntou então ao responsável pelo setor:

– Quanto tempo para recuperar esse trecho de estrada?

Resposta do responsável pelo setor:

– Nesse tempo, sem nenhuma chance no momento, Prefeito.

Resposta do Prefeito nos tempos da Era Vargas:

– Prezado, na Europa em guerra, nenhuma voçoroca segura os veículos das tropas aliadas. Por piores as condições do trecho, eles arrumam com suas técnicas as condições para que os veículos avancem. Hoje é quinta-feira. Segunda-feira próxima quero transitar por essa estrada sem a voçoroca.

Manda quem pode, obedece quem tem juízo, e o Prefeito Camundinho transitou pela estrada sem a voçoroca, indo e voltando com toda a segurança, com gratos agradecimentos do povo de Mata dos Fernandes e região. Outros tempos!

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 06/06/2014 com o título “Antiga Rodoviária no Final da Década de 1970 − 1”.

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