DR. EUPHRASIO ENALTECE OLEGÁRIO MACIEL E SOLICITA UMA CASA DE CARIDADE

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TEXTO: EUFHRASIO JOSÉ RODRIGUES (1908)

Si existe um homem, cujo retrato deve ser collocado na galeria dos homens illustres do Paiz, si existe um estadista que tem concorrido com todas as suas forças para o engrandecimento de sua terra natal¹; este homem, este estadista é o Dr. Olegario Maciel.

O Trabalho de que sou humilde redactor, nunca appellou para palavras de sensação, ou levantou o thuribulo dos incensadores, não mil vezes não; fallamos do Dr. Olegario Maciel em termos de que é digno e merecedor; já não dizemos como homem particular, porque neste sentido tem se tornado credor da estima de todos; queremos fallar do illustre deputado como homem publico: o povo de Patos devia collocal-o como sentinella a vista, afim de que se não ausentasse e com a sua ausencia se não fizesse sentir a desordem municipal.

Que importa que os despeitados lhe atirem pelas costas os botes de sua mordacidade; que importa, que um jornal mineiro escolha de preferencia o seu nome para a chalaça de suas “pipocas”, si O Trabalho o ergue nas suas columnas, si o povo de Patos, tece-lhe os maiores encomios como o homem, a quem esta terra tudo deve, e eleva a altura de sua fronte este nome açoitado.

Já que todos aqui gritam a uma progresso material, cuja iniciativa está com S. Exc.ia, o humilde companheiro de retaguarda vem lembrar a construcção de uma pequena casa de caridade, debaixo de cujo tecto venham buscar lenitivo os desprotegidos da sorte, aquelles que attingidos de molestias infecto contagiosas, vivem contaminando a cidade, na triste profissão de pedintes; estamos certos que o pessoal desta cidade não negará absolutamente a dar um obulo em favor destes infelizes; estamos certos que a camara municipal não negará o seu auxilio; si a construcção do matadouro e do cemiterio eram medidas urgentes e necessarias para o saneamento publico, mais urgente e mais necessario que tudo é a casa de Caridade; e preciso curarmos um pouco daquelles que carregados de doenças não tem um pedaço de pão para matar a fome, nem quinhentos reis para comprar um purgante; estamos certos que o governo do estado subvencionará a casa de Caridade, si nós a fundarmos; mãos a obra, portanto meus irmãos, em prol dos desgraçados.

* 1: Na verdade, Olegário Dias Maciel nasceu em Bom Despacho, terra de seus pais Antônio Dias Maciel/Flaviana e seu tio Jerônimo Dias Maciel, que vieram para a então Santo Antônio de Patos com outras famílias em 1858, revolucionando o lugarejo. Olegário tinha dois anos de idade.

* Fonte: Texto publicado com o título “Progresso Material” na edição de 15 de março de 1908 do jornal O Trabalho, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Primeiro parágrafo do texto original.

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