No final da década de 1900 surgiu a ideia de se construir um grupo escolar, então novidade no ensino de Minas Gerais. Somente as cidades mais adiantadas contavam com o privilégio de possuir um grupo. O Governo do Estado não construía o prédio: competia à população edificá-lo. Para conseguir tal melhoramento, o Dr. Laudelino Gomes de Almeida levantou a estatística da população infantil em idade escolar e entregou ao Secretário do Interior o resultado do seu trabalho. Foi então constituída uma comissão para angariar fundos. A campanha teve o melhor acolhimento por parte do povo, e todos deram o seu auxílio para que se erguesse em Patos o majestoso prédio do Grupo Escolar. Na primeira lista de subscrição conseguiram a significativa quantia de 5:900$000. Olegário Dias Maciel, então deputado à Assembleia Legislativa, conseguiu que o Governo do Estado contribuísse com um terço das despesas, ficando a população com a responsabilidade de outro terço e a Câmara Municipal com o terço restante. Era presidente da Câmara e Chefe do Executivo (prefeito) o Dr. Marcolino Ferreira de Barros.
Organizada a planta do prédio e obtido os fundos, houve a escolha do local. As opiniões divergiram, mas venceu a de se adquirir um terreno com pequenas casas no Largo da Matriz, hoje Praça Dom Eduardo. Era um verdadeiro condomínio de propriedade dos moradores da Mata dos Fernandes, usado exclusivamente para quando vinham, com toda a família, em seus carros de boi para as festas religiosas, principalmente festas do Rosário, Nossa Senhora da Abadia, Santo Antônio e Semana Santa. A edição de 12 de janeiro de 1913 do jornal O Commercio cita as tais casas¹:
O terreno obtido e escolhido traz-nos dois proveitos. Está designado o logar, até hoje occupado pelas velhas e feias casinhas da Matta. Não ha ninguem nesta terra, nem hospede que, quando extasiado ante a magestosa belleza do Largo da Matriz, não accrescente logo: – É preciso retirar aquellas casinhas. Ora, edificar-se o Grupo Escholar nesta sumptuosa avenida, e fazer-se desapparecer o que lhe enfeia, é proveito duplo.
Em 23 de agosto de 1910, o inspetor Alceu de Souza Novais enviou um relatório ao governo enaltecendo as qualidades do mestre Modesto de Melo Ribeiro. Este e outros relatórios justificam, em grande parte, a decisão do governo, em 1913, de transferir o professor Modesto para Patrocínio, como diretor do Grupo Escolar daquela cidade. Transferência que feriu os brios patenses, ao verem removido o regente de sua escola pelo espaço de 22 anos. Sentiram então, que somente a construção do Grupo Escolar de Patos poderia trazer de volta o estimado mestre.
O grupo escolar foi criado pelo decreto 4.065, de 23 de dezembro de 1913. Formou-se em janeiro de 1914 uma Comissão Central Promotora da Construção do Grupo Escolar de Patos, presidida pelo Dr. Marcolino Ferreira de Barros, tendo como membros os Drs. Jacques Dias Maciel, Laudelino Gomes de Almeida e Cel. Farneze Dias Maciel.
O edifício, hoje demolido, onde posteriormente funcionariam o Ginásio Benedicto Valadares e a Escola Normal Nossa Senhora das Graças, foi erguido em terreno da Municipalidade. Por imperativo legal, uma vez terminado, foi doado ao governo do Estado, por escritura pública de doação (livro 9 – página 21 – 3.º Ofício de notas Cartório Triginelli – Belo Horizonte), lavrada a 27 de abril de 1916, assinando o Dr. Jacques Dias Maciel, pela Comissão, por procuração passada pelo delegado da Comissão, Dr. Marcolino Ferreira de Barros.
Pelo público instrumento, o Estado recebeu o prédio construído, no valor de 55 contos de réis, com 37,60 m de frente e 58,40 de fundo, limitando pelo lado direito com a casa de Pio de Mello Ribeiro, pelo lado esquerdo com a casa do tenente Joaquim Francisco Guimarães, e pelo fundo com os quintais de propriedade de Henrique Pereira da Fonseca e do capitão João Gualberto de Amorim.
Cumpridas as formalidades, o Grupo Escolar de Patos é instalado a 04 de junho de 1917, tendo como diretor o professor Modesto de Mello Ribeiro, e como professores, Manoel da Mota Bastos, Fabiano Antenor de Araújo, Josephina Cândida Viveiros e Feliciana Santiago de Mendonça.
A solenidade de instalação foi presidida pelo então Inspetor Escolar Municipal, Dr. Maurício Pottier Monteiro, tendo como participantes da mesa os srs. Adélio Dias Maciel, presidente da Câmara Municipal; Dr. Antonio Carlos Soares de Albergaria, Juiz de Direito da Comarca; Dr. Orlando Ferreira, Inspetor Regional do Ensino; Cel. Farneze Dias Maciel, presidente do Diretório político do município; Dr. Marcolino Ferreira de Barros, vice-presidente do mesmo diretório; Dr. Euphrasio José Rodrigues; Dr. Laudelino Gomes de Almeida; e o pároco, Cônego Getúlio Alves de Mello.
Os discursos foram pronunciados pelos Dr. Marcolino Ferreira de Barros, Ehphrasio José Rodrigues, Maurício Pottier Monteiro, Cônego Getúlio, e o acadêmico Antônio Maciel.
Duas bandas de música – Fraternidade e Santa Cecília – desempenharam a parte recreativa, enquanto a documentação fotográfica das solenidades, alunos e corpo docente, foi realizada por Fortunato Pinto da Cunha.
Ficaram em aberto duas vagas de professores. A matrícula inicial foi de 321 alunos, sendo que 184 deram freqüência no primeiro mês.
Em 02 de abril de 1918, por portaria, o Grupo Escolar de Patos recebe a denominação especial de “Marcolino de Barros”, homenagem a um dos mais ilustres homens públicos que trabalharam pelo desenvolvimento e educação de Patos de Minas. No final de 1933, Olegário Dias Maciel deu-lhe novo e definitivo prédio.
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* Fonte: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca e Patos de Minas: Capital do Milho, de Oliveira Mello.
* Foto: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.