Terminada a Festa do Milho de quatro anos atrás [1979], era tão grande a decepção e a tristeza de quantos a assistiram, ante o seu esvaziamento, que após auscultar várias opiniões, resolvi escrever um longo comentário, com críticas e sugestões, a que intitulei É preciso salvar a Festa do Milho¹.
Para surpresa minha, tal foi a repercussão do artigo, que vinha corroborar a opinião geral, que aquilo acabou se transformando em minha primeira incursão no jornalismo patense, com a sua publicação na íntegra (apesar da extensão da matéria) na “Folha Diocesana”, no “Correio de Patos” e amplos comentários no “Boletim Informativo”, além da leitura através dos microfones da Rádio Clube de Patos e da Rádio Princesa de Lagoa Formosa.
Não quero nem de longe, ter a pretensão de pensar que aquele artigo tenha exercido qualquer influência, mas para alegria de todos, a Festa passou a melhorar e já no ano passado, pudemos novamente vê-la quase que no esplendor de seus primeiros anos.
Hoje, estamos vendo o início da XXV Festa. “Festa de Prata”, em todo o seu brilho.
Por índole e por costumes, nunca fui, nem sou muito festeiro, por isto, praticamente não participo da Festa, mas sempre fui um entusiasta e um admirador dela, pelo trabalho titânico desenvolvido pelos que a promovem e organizam e pelo muito que ela tem feito e representado para nossa terra e nossa gente.
Basta que se observem os efeitos altamente benéficos da “Exposição e Feira de Gado”, e agora mais recentemente, da “Feira de Bezerros”, que têm sido grandes responsáveis pela melhoria da qualidade e aumento da quantidade de nosso rebanho bovino.
Basta que vejamos a evolução de nossa Agropecuária, de um modo geral, e dos métodos hoje empregados, muitos dos quais conhecimentos, vieram através de palestras, conferências, dias de campo e outras coisas mais, realizados por ocasião da Festa.
Basta que se lembrem das presenças ilustres de autoridades e técnicos que aqui têm vindo para assisti-la ou participar de parte dela, como Presidentes e Diretores de Autarquias, Deputados, Secretários e Ministros de Estado, Governadores do Estado de Minas Gerais (que salvo engano estiveram presentes a todas, com exceção de uma) e até do Presidente da República, uma vez, presenças essas que acabaram por resultar em grandes benefícios para a região. (Será que as rodovias asfaltadas que recebemos, não foram em grande parte frutos daquelas visitas?).
Basta que se considerem as possibilidades do reencontro de amigos e familiares que se valem da época da Festa, para virem até aqui, numa verdadeira confraternização.
Basta que se observe a contribuição dada ao folclore regional, graças aos desfiles e outros trabalhos realizados pelos colégios.
Finalmente, para encerrar apenas uma pequena lista de benefícios, basta que se considere a alegria dos que dela participam − embora às vezes isto seja controvertido − numa época de tantas tristezas, dificuldades e preocupações, esquecendo-se delas pelo menos por um pequeno período, o que sem dúvida é um importante lenitivo.
É por isso que hoje, com alegria, vejo raiar uma nova Festa, a do “Jubileu de Prata”, na certeza de que ela haverá de ser maior que todas as outras e desde já cumprimento os seus promotores e organizadores ao mesmo tempo em que desejo bom proveito aos que dela haverão de participar dando as boas vindas aos nossos prezados e ilustres visitantes.
* 1: Leia “É Preciso Salvar a Festa do Milho”.
* Fonte: Texto de Dirceu Deocleciano Pacheco publicado com o título “E a festa foi salva…” no Editorial do n.º 69 de 15 de maio de 1983 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Cartaz oficial da 25.ª Festa Nacional do Milho, do arquivo da Fundação Casa a Cultura do Milho, via Marialda Coury.