FESTA DO MILHO: ACONTECIMENTO NACIONAL

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1Parece que foi ontem. No início a idéia foi cercada de algum otimismo e muita descrença. Patos ia ganhar uma festa diferente, tendo o milho por motivo e um concurso para a escôlha de sua rainha. Tímida, a princípio, a notícia se foi espalhando até criar um ambiente de expectativa e interêsse pelo acontecimento.

Surgiram depois os nomes das candidatas: Helena Alves, Maria Caixeta e Nivea Santos, em tôrno das quais se foram dividindo as preferências da população. Apareceram os primeiros “cabos eleitorais” trabalhando ardorosamente pela vitória de suas candidatas, contribuindo tudo para dar ao pleito uma movimentação que os próprios promotores não ousavam acreditar.

Veio, por fim, o grande dia, quando seria realizada a eleição da primeira Rainha do Milho, precedida por um desfile. Então, entre surprêsa e entusiasmo, o povo assistiu ao cortejo de carros alegóricos, aplaudindo calorosamente as candidatas, que exibiam trajes de grande beleza e originalidade. Todos sabiam do desfile, mas ninguém esperava que, no primeiro ano, os carros e as concorrentes se apresentassem com tanta riqueza e bom gôsto. Por isso, à passagem do desfile, uma onde de entusiasmo e alegria varreu a cidade de ponta a ponta, como se um misterioso dispositivo entrasse de súbito em funcionamento, fazendo vibrar, simultaneamente, os corações patenses.

A partir daquele instante Patos de Minas ganhou uma nova dimensão. O orgulho do povo pela cidade aumentou. O patense se sentiu mais realizado. Até ali o aniversário da cidade permanecera ignorado, sepultado no esquecimento. Era a mais pífia e inexistente das datas. Pois bem, a Festa do Milho realizou o milagre: redimiu o aniversário de Patos de Minas, que agora é comemorado de manhã à noite, sob grande vibração popular.

Vieram novas festas e novas Rainhas e Princesas e a cada ano mais se firmava a Festa do Milho e mais se espalhava sua fama no Estado. Nêste sentido muito concorreu o autor desta crônica, levando – todos os anos – reportagens e noticiários às redações de todos os jornais belorizontinos e às sucursais de jornais cariocas, numa autêntica maratona publicitária, para fazer Patos e a Festa do Milho mais conhecida dos brasileiros em geral e dos mineiros em particular.

Antes o sucesso da festa dependia de uma meia dúzia de pessôas, devendo ressaltar-se um nome: Pai Vaca. Hoje são dezenas de pessôas que se unem para garantir-lhe o êxito crescente. Tudo evolui: até o conceito de vitória e derrota. Nenhuma concorrente se considera vencida: tôdas levam consigo a confortante certeza de haver contribuído com igual entusiasmo para o sucesso da festa. Juntamente com os aplausos recebidos ao longo do desfile de carros alegóricos, tôdas ganharam a admiração e a gratidão da cidade.

Helena Alves, Maria Olivia Campos, Vera Nunes de Castro, Ione Hamada e, agora, Ana Maria Guimarães, são nomes desde já incorporados à história do município, porque ligados à Festa do Milho, a maior promoção patense de todos os tempos. Virão outras festas e outras candidatas, mas êsses nomes jamais serão esquecidos e a gala e vibração dos desfiles de que participaram permanecerão bem vivos na lembrança de todos, como episódios marcantes desta mui querida e leal cidade de Santo Antônio de Patos de Minas.

* Fonte: Texto de Oswaldo Amorim publicado na edição de junho de 1963 da revista Silhueta, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Foto: Do arquivo da  Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 14/02/2013 com o título “Coroação da 1.ª Rainha do Milho”.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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