PADRE JOSÉ J. PERNA: REMOÇÃO ENIGMÁTICA

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As referências históricas sobre as origens e a atuação do Padre José J. Perna em Patos sem ainda o “de Minas” são insignificantes. Um pequeno artigo publicado na edição de 21 de setembro de 1907 do jornal O Trabalho com o título “P.e José J. Perna” deixa evidente que o religioso, apesar do pouco tempo aqui presente, era muito bem quisto na Cidade:

Surprehendeu dolorosamente a população em geral, a noticia recebida da remoção para o Prata, do Revm.º P.e José J. Perna. 

Quando já se manifestavam com todo o seu fulgor os dotes excepcionaes do moço sacerdote, quando o povo, enlevado pelo fulgir da sua intelligencia, captivo da sua gentileza de verdadeiro aristocrata, da bondade do seu grande coração de Rio Grandense genuino, de sua symphatia attrahente, de sua inquebrantavel e inconcussa virtude, aliada a vasta erudição, e da sua dedicação aos misteres da espinhosa tarefa que lhe incumbe, quando todos viam cheios de prazer, mais um elemento de progresso arraigar-se em nosso meio social, eis que a mão inexoravel do superior, destroe em poucas linhas tantas illusões, tantos sonhos, tantos castelos construidos pouco a pouco sobre o futuro desta cidade.

Si é porem verdade que profundo pezar sentimos pela retirada desse sacerdote que em tão curto espaço de tempo soube atrahir a sympathia e admiração geraes, comtudo o felicitamos pela sua remoção que o colloca em logar mais elevado, fazendo assim justiça ao seu alto valor.

No coração do povo Patense ficará porem sempre gravada a sua sympathica individualidade, como signal indelevel e perenne da sua curta estada entre nós, que o acompanhamos em sua nova residencia para onde seguiu no dia 16, com ardentes votos de felicidade e ventura.

O artigo não cita o porquê o Padre José J. Perna foi removido para a cidade de Prata, no Triângulo Mineiro, destacando que sua remoção o coloca em lugar mais elevado, fazendo assim justiça ao seu alto valor. Eis que, na mesma edição do cito jornal, o correspondente do então distrito de Santa Rita¹, que assinava seus escritos com o pseudônimo Catão Netto, em sua coluna “Echos de Santa Rita”, entre outros assuntos inerentes ao distrito, afirma o seguinte:

E já que fallamos em Padres, é bom registrarmos a impressão dolorosa produzida pela noticia da retirada do nosso distincto amigo P.e J. J. Perna.

Não é aqui conhecido senão por poucos. O seu nome porem está de bocca em bocca, desde que teve inicio a polemica religiosa entre este sacerdote e o Dr. E. Rodrigues.

Conhecido como é o valor intellectual deste medico, que em toda a parte conta admiradores e amigos, não podia deixar de despertar interesse essa polemica, na qual, o P. J. J. Perna, tem-se revelado de uma erudição e cortezia pouco comuns, atrahindo geraes sympathias.

Em todo o caso a polemica esta sendo util, pois mostra aos ignorantes na materia o verdadeiro caminho a seguir.

E nada mais foi dito pelo O Trabalho. E assim ficamos sem saber qual foi o imbróglio religioso entre os dois. Assim como ficamos sem saber o porquê a “polemica está sendo útil” e ainda o porquê ela “mostra aos ignorantes na materia o verdadeiro caminho a seguir”. São os enigmas da História!

* 1: Até 17 de dezembro de 1938, Santa Rita era distrito de Patos sem ainda o “de Minas”. Nessa data, o decreto-lei estadual nº 148 o desmembrou para constituir o município de Presidente Olegário.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: Jornal O Trabalho, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Primeiro parágrafo do artigo “P.e José J. Perna”.

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