VISÃO URBANISTICA DE ZAMA MACIEL EM 1937 – II

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TEXTO: ZAMA MACIEL (1937)

Para que a cidade se desenvolva sem que as gerações futuras tenham o direito de qualificar-nos com algum adjetivo menos suave, faz-se mister a nossa atenção sobre vários pontos que reputo dignos de exame. Presentemente, fácil é orientá-la, árvore nova que é, no sentido de torná-la formosa, aproveitando-se a sua excepcional topografia e privilegiada localização econômica. Convergir para seus seios as estradas de rodagem que se entrecruzam em nossos chapadões, é dever primordial de nossa geração.

Aqui dentro, dirigi-las para um ponto único, a parte comercial.

Nada se poderá fazer para o futuro, desprezando-se o Rio Paranaíba que fatalmente terá que exercer influência marcante nos destinos da terra patense.

À margem dos grandes cursos d’águas, foram construídas as mais brilhantes civilizações. O rio atrai o homem, que para ele caminha instintivamente.

Patos cresce para o lado do Paranaíba, e à sua margem pequeno povoado já se ergue. Forma-se independentemente do resto do casario.

É necessário levar-se em conta o caudaloso rio, porque ali, à sua margem, crescerá a cidade de amanhã.

O plano organizado para a cidade, cuidou do assunto, mas é necessário que os construtores saibam disto.

As belezas naturais que cercam a cidade devem ser cuidadas para que não sejam destruídas, como o foi a lagoa dos Patos, em torno da qual nasceu a povoação de Santo Antônio dos Patos. Há muita gente capaz de derrubar a mata onde se acha a velha caixa d’água. Alguns carros de lenha podem despertar a cobiça de algum.

A Prefeitura devia adquirir o mato que ainda resta, e reservá-lo cuidadosamente.

Torna-se necessário preservar as lagoas que prateiam o planalto de destruição gradativa feita pelas enxurradas.

Há muita gente que desvia as águas pluviais para as lagoas. Devem ser multados e considerados inimigos do progresso da terra.

A imaginação criadora do patense deve trabalhar.

A vida é bela nos seus contrastes. A mata e o rio. A montanha e a lagoa. O verde dos arvoredos e o vermelho das ruas. A casa de vários tipos e estilos e o automóvel que zomba do carro de boi. E por falar em casas, os desenhistas da terra necessitam criar coisa diferente. Não vão além da casinha de alpendre na frente com arco de cimento. Até as flores são iguais. A terra é moça e quer novidades.

* Fonte: Texto Publicado com o título “Ainda é Necessário” na edição de 12 de junho de 1937 do jornal Folha de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPH) do Unipam.

* Foto: Do livro Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.

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