LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

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O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença imunomediada multissistêmica que pode desembocar em várias síndromes clínicas, como a poliartrite, glomerulonefrite, anemia hemolítica, trombocitopenia e alterações cutâneas. Desconhece-se a etiologia completa; no entanto, verifica-se que se produz uma disfunção no sistema imunitário, devido a fatores genéticos e ambientais, produzindo anticorpos contra diversos tecidos e células do organismo. Existe uma clara predisposição das raças Afegão, Beagle, Setter Irlandês, Collie, Bobtail, Caniche e Pastor Alemão, afetando principalmente animais adultos (média de 6 anos de idade). Formam-se complexos antígeno-anticorpo circulantes, que causam lesões inflamatórias nos tecidos (glomerulonefrite, artrite e vasculite), bem como anticorpos contra células hematopoiéticas (anemia, trombocitopenia e leucopenia). Muito raramente, pode provocar pleurite, miocardite e afetar o SNC.

O diagnóstico do LES baseia-se no histórico clínico, num meticuloso exame físico e análises de laboratório, nomeadamente a medição de anticorpos antinucleares (ANA). Sinais principais: Lesões cutâneas, poliartrite, anemia hemolítica, glomerulonefrite, polimiosite, leucopenia e trombocitopenia.

Sinais menores: Febre, sinais neurológicos, úlceras orais, linfadenopatia, pericardite e pleurite.
Sorologia: ANA positivo, células de Lúpus.
Diagnóstico: Dois sinais principais com ANA positivo e/ou células de Lúpus, ou um sinal principal, dois sinais menores com ANA positivo e/ou células de Lúpus.
Diagnóstico provável: Um sinal principal com ANA positivo e/ou células de Lúpus, ou dois sinais principais com ANA e células de Lúpus negativo.

Em relação aos sinais clínicos, estão associados aos diferentes órgãos afetados. Inicialmente, são sintomas locomotores com alterações no andar, claudicação intermitente e recorrente, causadas pela polimiosite e/ou poliartrite (75%), dor muscular na palpação e debilidade.

No caso concreto da poliartrite associada ao LES, é uma artrite imunomediada não erosiva, sendo que o LES é uma causa rara de poliatropatia supurativa. Trata-se do sinal clínico mais frequente. Também surgem lesões cutâneas com dermatite vésico-bolhosa, com tendência para úlceras, alopecia, eritema, pioderma, hiperqueratose, dermatite nasal, seborreia de distribuição focal ou simétrica afetando a face, extremidades, tronco, orelhas, uniões muco-cutâneas e a cavidade oral. De igual forma, podemos encontrar sinais inespecíficos como depressão, anorexia, febre e linfadenopatia.  Os sinais menos frequentes são a dispneia, sinais cardiovasculares e convulsões. Em relação às análises de laboratório, deverão realizar-se exames exaustivos que incluam hemograma, bioquímica, sorologias e análises da urina. No que diz respeito ao título de anticorpos, será aconselhável limitar o uso da determinação de ANA em cães que possuam pelo menos 1 dos sintomas principais compatíveis com o LES. Além disso, existem cães que dão positivo para B. vinsonii (berkhoffii), E. canis e Leishmania infantum que podem produzir ANAs, principalmente se forem positivos para mais do que um patógeno.

Apesar das doenças autoimunes ainda serem pouco evidenciadas na clínica médica, elas vêm ganhando espaço. Assim, podendo ser por uma melhor busca do clínico em novas formas de diagnóstico ou por grande quantidade de informações a que o proprietário vem tendo acesso. Isso proporciona estar sempre procurando um diagnóstico definitivo e assim, melhor elucidação do caso. Podemos avaliar a importância do exame histopatológico para o diagnóstico definitivo do LES. Este é de grande valia na elucidação do caso clínico, podendo ter-se feito o descarte de outras dermatopatias e definido o diagnóstico, sendo assim possível iniciar um eficaz tratamento com um bom prognóstico, devido a um melhor direcionamento do paciente e dos medicamentos a serem utilizados. Assim, levando até o proprietário uma resposta definitiva, que traz satisfação e segurança ao mesmo para começar um longo tratamento, que pode haver complicações durante seu percurso.

* Fontes: Affinity-petcare.com e pubvet.com.br.

* Foto: Omeuanimal.com.

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