TEXTO: JORNAL FOLHA DE PATOS (1941)
Patos, esta cidade bonita e que sem favor algum é considerada como a princesa do Oeste tem também e em abundância, o terrível inseto.
Muitas vezes, observando o meu quarto de dormir, posso fazer uma idéia do que são os bombardeios aéreos das grandes cidades durante a atual guerra que aflige a velha Europa. Nuvens e nuvens de pernilongos, zunindo como se fossem uma miniatura de aviões invadem o quarto e depois de vários “loops” descem em “picada” para picar o pobre mortal e sugar o seu sangue tão difícil de ser adquirido durante o dia.
O peior de tudo é que os terríveis bichinhos parece que vêm munidos de máscaras contra “Flit”; todos os métodos usados até hoje para destruí-los em outras cidades, nada valem aqui na nossa.
Entretanto, resta-nos um grande consolo: é o Centro de Saúde. Esta benemérita repartição estadual, agora dirigida por um rapaz inteligente, competente e empreendedor, poderá sanar êste terrível mal que nos aflige. O seu ilustre diretor que tantas cousas já tem feito em benefício da população tomará, estou certo, enérgicas providências para que o patense tenha o seu sono tranquilo e não mais precisará ouvir o zumbido incômodo do terrível pernilongo.
Usar “Flit” e outros ingredientes próprios para matar incetos é inútil porque os pernilongos de Patos parece que são resistentes a tudo. O que é preciso e o que urge fazer antes que a população fique anêmica é exterminar os focos, obrigando os proprietários a limpar os seus terrenos, fechar as fossas abandonadas e os empregados da Saúde Pública ou da Prefeitura furarem as latinhas que ficam nos quintais e são focos terrìveis do indesejável inseto.
Aquì fica pois o apelo ao Dr. Diretor do Centro de Saúde e temos certeza que dentro de muito curto espaço de tempo poderemos dormir porque não haverá mais pernilongos para sugar o nosso sangue.
O ZANGÃO
* Fonte: Texto publicado com o título “Pernilongos! Pernilongos!” na edição de 19 de outubro de 1941 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.
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