PAGAMENTO NO COLÉGIO ESTADUAL – 2

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TEXTO: WALDEMAR ANTÔNIO MENDES (1969)

Há dias nós comentamos a Portaria do Sr. Secretário de Educação com relação ao pagamento de anuidades nos estabelecimentos públicos.

Não se previa, nem nós nem os próprios alunos ou ainda os senhores pais, que a portaria referida, feita em benefício dos menos afortunados, viesse a causar tanta fila, tanta conversa e o pior de tudo, veio ela trazer a pobreza, para não se dizer a miséria em muitos ou para muitos magnatas e proprietários de situações. Possuir duas fazendas, chácaras, casas e carros de passeio, parece estar significando a pobreza, obrigando aos senhorios a enfrentar filas, a fim de obter uma certidão negativa de imposto de Renda; um escritório contábil para fazer o preenchimento dos questionários e requerimentos; atender a dia certo determinado pelos senhores diretores. Parece que a conversa de um amigo é de fato a expressão da verdade, o pobre vai continuar pagando seu colégio, pois, os ricos ficaram miseráveis e não são capazes de enfrentar a situação. Coitados!!!…

O movimento foi de fato grande em nosso meio para se legalizar situações, conseguir documentos e outras coisas. Acontece porém que todo este trabalho, para os que não precisam foi menos trabalho e dará muito trabalho às comissões diretoras das Caixas Escolares em tendo de examinar a cada problema surgido com requerimentos de “riquezas” postulantes.

Mas foi bom, pois, o movimento de papel fizera com que a cidade recebesse um novo colorido e a conversa se unificasse: “não dou conta de pagar o colégio”, “é isto um absurdo muito grande”, “um país de analfabetos”. Quem gritou muito foi na realidade aquele que pode pagar o colégio para os seus dois filhos; tendo em vista que é pessoa de recursos e pode comprar “pílulas”. O pobre, coitado, continua pobre e aumentando cada vez mais.

Tudo feito, documentos legalizados, questionários preenchidos, nada resta. Aguardamos agora o pronunciamento sereno de cada Caixa Escolar a fim de dizer quem precisa, quem merece e quem vai receber o de que a lei determina.

Que Deus seja de fato bondoso e conserve afortunados os que são e amenize a pobreza com o soerguimento moral e o conforto, paz e tranqüilidade de seus lares.

* Fonte: Texto publicado com os título “Os Questionários Colégios Públicos” na edição de 16 de fevereiro de 1969 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto. Cabesp.com.

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