Na tarde de quinta-feira, 16 de janeiro, aconteceu o que muitos ambientalistas já previam, a queda total da grande gameleira que abrigou durante décadas e décadas a área hídrica da nascente urbana, conhecida popularmente como “Biquinha do Caramuru¹”. A espécie é da família das moráceas também conhecida como figueira de nome científico Ficus adhatodifolia. Sua formação é normalmente encontrada com copa muita larga, com tronco grosso e com raízes salientes.
A árvore centenária vinha sofrendo danos ambientais, com queimadas e incêndios² criminosos em suas raízes e troncos, desde o segundo semestre do ano passado. Em 21 de setembro, houve a primeira queimada e em meados de outubro, aconteceu outra ocorrência de incêndios nos caules, galhos e troncos da árvore que ficava bem próxima à vazão da nascente na quadra urbana entre as ruas Dona Queta, Zina Rocha, João Eustáquio Borges e Olímpio Ferreira, no bairro Caramuru, no setor noroeste de Patos de Minas.
Na ocasião, muitos vizinhos, com o apoio do Corpo de Bombeiros, conseguiram conter a brasa e as chamas que destruíram parcialmente a base estrutural da grande gameleira. Com os danos ambientais, o secretário do Cima (Conselho Integrado do Meio Ambiente), Civuca Costa, fez denúncia no plenário da Câmara Municipal durante as reuniões do Codema e do Colmeia, e solicitou à equipe técnica da Diretoria de Meio Ambiente e do IEF – Instituto Estadual de Florestas, uma análise fitossanitária sobre as condições de saúde da árvore, após as queimadas. Foi feito um relatório descritivo pelos órgãos ambientais, porém o mesmo não acusava risco iminente de desabamento da gameleira em curto prazo.
Deu no que deu. A grande árvore com mais de 30 metros de altura desabou totalmente no final de semana, alertam os ambientalistas ligados a conselhos socioambientais e a organizações não/governamentais de Patos de Minas, após o incidente ambiental.
Depois da queda da árvore, foram acionados os órgãos da Prefeitura Municipal de Patos de Minas, por ambientalistas e vizinhos do local, para que por meio da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos, fossem realizadas intervenções para a retirada de galhos que estavam obstruindo uma das vias laterais da quadra da Biquinha do Caramuru, o que foi feito no início desta semana.
A queda da árvore provocou danos na cerca da praça e o sufocamento de espécies nativas que estavam próximas à área hídrica ao pé da gameleira. Felizmente, não houve danos à nascente e nem risco de acidentes à fauna, flora, e maiores prejuízos materiais e humanos. Em 2018, por ocasião da Semana Municipal do Meio Ambiente, o Cima patrocinou material para melhorias e proteção do local, como o cercamento, instalação de placas educativas e plantio de espécies nativas na praça da nascente.
As próximas etapas solicitadas pelos diretores do Cima ao Município é para que sejam cerrados os troncos e galhos, e retirado todo o material lenhoso do local para evitar outros danos como novos focos de incêndio. “Agora, depois dessa triste notícia de grande dano ambiental com a queda da gameleira, é preciso limpar a área com o uso de motosserras e máquinas pesadas para retirada de todo o material, para que novas ações de plantio sejam planejadas e executadas no local, aproveitando principalmente agora, o tempo de boas precipitações”, orienta o gestor ambiental do Cima, Civuca Costa que registrou os momentos pós-queda da árvore da Biquinha do Caramuru.
* 1: Leia “A Nascente e a Gameleira do Caramuru”.
* 2: Leia “Queimaram a Gameleira da Nascente do Caramuru” e “Queimaram Novamente a Gameleira da Nascente do Caramuru”.
* Fonte e foto: Texto publicado com o título “Árvore centenária sofre queda na praça da nascente do Caramuru” na edição de 01 de fevereiro de 2020 do jornal Folha Patense.