Patos de Minas é uma cidade presunçosa mas muito acolhedora. Seus habitantes são os mais hospitaleiros e amistosos que já vi. O clima é um dos melhores do Brasil e por isso, e por tudo o mais, resolvi me tornar um patureba. Sempre gostei de Patos de Minas, desde o tempo em que morei em São Paulo, pois cada vez que podia vinha passar umas férias aqui, até que um dia… me casei por aqui mesmo.
Nas primeiras vezes em que visitei Patos, o que me impressionou foi o modo como as pessoas me olhavam com aquela curiosidade íntima de saber de onde eu vinha, quem eu era, pois sabiam intuitivamente que patense eu não era. Logo que me aposentei, tratei de mudar-me para cá e alguns dias depois já me sentia à vontade, um autêntico patureba. E comecei a percorrer a cidade para conhecê-la melhor. Resolvi tomar um ônibus e viajar até seu ponto final (ônibus era uma novidade naqueles dias) e logo que entrei um passageiro me olhou e me cumprimentou:
– Bão, sô?
– Tudo bem − respondi meio sem jeito, pois não me lembrava de onde o conhecia.
Então resolvi perguntar:
– Desculpe, por favor, de onde é mesmo que o senhor me conhece?
– O senhor não mora aqui em Patos? Uai!
Puxa, pensei comigo mesmo, eu sou agora, de fato, um morador e parece que eles já perceberam. Dai em diante resolvi cumprimentar todo mundo que me olhava na rua, até que um dia, ao cumprimentar uma garota muito bonita, pensando (verdade!) que fosse uma das netas de Geraldo Ferreira, da Cresa, ela, sem tirar os olhos de mim, respondeu simplesmente:
– Tem dó, vovô!!!
* Fonte: Texto assinado por “Mickey” publicado na edição n.º 34 de 07 de junho de 1997 do jornal O Tablóide, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: pinterest.de/pin.