Acredita-se que os antigos romanos espalharam um tipo de cão de caça, especialmente adaptado para trabalhar em ambientes aquáticos, por todo o seu império, por isso, é possível que este tipo de cão tenha chegado às Ilhas Britânicas em tempos remotos. No entanto, também se acredita que a variante que mais tarde deu origem às raças spaniel, à qual pertence o Cocker, é mais específica da Península Ibérica, daí o seu nome. Não existe consenso sobre a origem do termo spaniel, pois alguns investigadores afirmam que é proveniente do termo l’espainholz, derivado do termo do francês antigo s’éspagnir, que significa deitar-se, numa clara referência ao comportamento dos cães durante a caçada.
Em qualquer um dos casos, os primeiros spaniel − que chegaram à Grã-Bretanha, vindos ou não de Espanha − deram origem a dois tipos diferentes de cães, de acordo com o tipo de terreno onde realizavam as suas caçadas: o cão Spaniel de Água (Water Spaniels) e o cão Spaniel de Terra (Land Spaniels). Este último, por sua vez, foi evoluindo até serem criados dois tipos, que eram diferenciados pela cor e pelo tamanho. Foi aí que apareceram os Setting Spaniels (que mais tarde dariam origem a vários tipos de setters) e os Springing Spaniels, que eram igualmente divididos em dois tamanhos, os de grande porte e os de pequeno porte, do qual surgiu o Cocker.
E é precisamente devido ao fato de estes cães pertencerem até o século XIX a ambos os grupos, conforme o seu tamanho (numa ninhada de Springing Spaniels poderiam existir cães grandes e pequenos), que torna-se difícil saber com exatidão a evolução do Cocker. Assim que se começou a selecionar a raça propriamente dita, no início do século XX, acabou por ser um sucesso tanto na Europa, como nos Estados Unidos, ainda que neste último tenha sido selecionado com critérios estéticos diferentes, acabando por serem separados em raças distintas: o Cocker Inglês e o Cocker Americano. O mesmo acontece com a origem da palavra spaniel, os especialistas não concordam com a origem do termo cocker mas a teoria mais popular é que se trata de uma derivação do cocking, que é o termo Inglês para barco.
Alegre, robusto, esportivo, de aspecto equilibrado. O macho tem 39,5 a 41 cm de altura; a fêmea 38-39,5 cm; peso de 12,7 a 14,5 kg. Tem focinho quadrado, nariz amplo, maxilares robustos, mordedura em tesoura, olhos castanhos, alegres e brilhantes; orelhas revestidas de pelo sedoso, de raiz ao nível dos olhos, que devem ser constantemente monitoradas devido ao fato dos pavilhões auriculares ficarem próximo do solo, podendo hospedar carrapatos e carrapichos muitas vezes causadores de otites; pescoço musculoso inserido em espáduas bem inclinadas; cauda de inserção baixa trazida jovialmente; pernas de boa ossatura; pés sólidos e redondos. O pelo é grosso e longo, mas não ondulado, com franjas. São admitidas muitas cores. Nos unicolores, o branco é permitido apenas no peito. É um cão bom, doce, afetuoso, grande amigo das crianças, sociável com os estranhos, ladrador moderado, obediente, respeitoso quanto às ordens recebidas.
No passado foi um excelente cão desentocador. Era muito apreciado pela tenacidade, incansabilidade, perícia na movimentação em ambientes difíceis e pela perfeita cobrança da caça delicada. Potencialmente também é um cão de caça, mas na realidade passou com armas, bagagens e cauda saracoteante para o mundo dos cães de companhia. Tratando-se de um animal emotivo e sensível, deve ser educado com gentileza sem recorrer a punições humilhantes ou a pancadas. No passado, criou-se o mito de que o espécime avermelhado era louco e que, por esse motivo, mordiam e eram muito difíceis de educar. Desconhecemos por completo se este mito urbano surgiu a partir de algum caso isolado ou se não é mais do que um mito antigo, contudo, atualmente não existem razões para acreditar que o Cocker avermelhado tenha problemas de comportamento. Além disso, os criadores têm feito esforço enorme para preservar a sua natureza equilibrada, em todas as cores. Como parte da sua personalidade equilibrada, mantém uma enorme predileção por água. Por isso, se estivermos no campo e estiver solto, não tenhamos dúvidas de que irá mergulhar em poças, rios, etc. Como é óbvio, devemos estar precavidos para estas situações. É igualmente devido à sua personalidade equilibrada que pode adaptar-se à vida na cidade sem qualquer problema, pois eles apenas precisam de fazer exercício regularmente e, obviamente, fazer caminhadas diárias.
É fácil de cuidar, no entanto, é obrigatório pentear as longas franjas, pois ganham nós facilmente. Se necessário, elas podem ser cortadas. Contudo, será melhor contatar um especialista. Deve-se também aparar regularmente os pelos que crescem entre os dedos e as almofadas, pois podem afetar os seus movimentos, caso estejam demasiado grandes, podendo mesmo provocar quedas. Para além dos cuidados específicos com o seu pelo, apenas necessita dos mesmos cuidados dos outros cães: vacinas, desparasitação, consultas periódicas para verificar o seu estado de saúde e, claro, muito carinho.
* Fonte: Todos os Cães, de Gino Pugnetti, e Royalcanin.pt.
* Foto: Tudosobrecachorros.com.br.