Dizem que o saudoso Bar Tabu servia a melhor vitamina de abacate e o mais saboroso bauru da Cidade. Mas nem todos apreciavam aquela vitamina e aquele sanduiche, preferindo outros quitutes da casa. Um deles é um conhecido fotógrafo que, invariavelmente dia sim e outro dia também, por lá se ajeitava na boquinha da noite para saborear seu drinque preferido acompanhado de um torresmo que, dizem também, era o melhor da região.
Certa vez, sabe-se lá se comemorando algo ou chorando as mágoas por algo, o fulano foi além do costumeiro e entrou naquela de perder as molas da perna. Balançando pro norte e pro sul na cadeira, solicitou mais uma dose. Então o garçom, que dizem também que era o melhor que já houve em Patos de Minas, resolveu intervir:
– Meu amigo, é melhor você encerrar por hoje, já bebeu demais da conta, mal consegue se firmar na mesa, vai para casa descansar.
O fotógrafo não se deu por vencido:
– Que é isso, meu chapa, sou duro na queda, trás logo meu drinque.
O garçom tentou convencer o homem a ir embora, mas ele insistiu no último trago e ainda resolveu provar que estava firme:
– Ora, tô firmão, cara, olha aquele gato que está entrando no bar. Por um acaso é do Mazinho ou do Leôncio? Bem, não importa, olha só o gato entrando no bar. Olha lá os dois olhos dele, está vendo bem, se eu estivesse bêbado como você está imaginando eu estaria vendo quatro olhos, certo? Então, amigo, se estou vendo somente os tradicionais dois olhos do gato significa perfeitamente que ainda estou em condições de bebericar mais um gole.
O garçom mirou com atenção o gato e com tristeza deu o veredito:
– Meu prezado, o gato não está entrando no bar, ele está é saindo!
Não teve mesmo jeito do fotógrafo tomar a última dose. Depois dessa, pagou a conta, levantou-se com muita dificuldade e com mais dificuldade ainda tomou o rumo de casa.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.