ECOS DA SEMANA DA PÁTRIA EM 1942

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TEXTO: JORNAL FOLHA DE PATOS (1942)

A cidade nunca viveu horas de tanto fervor patriótico como no decorrer da semana finda, por isso mesmo intitulada a Semana da Patria.

A comissão central dos festejos, sob a direção incansavel do Prof. Aguinaldo Magalhães Alves, dividiu as comemorações entre os estabelecimentos de ensino do que resultou a maior ressonancia e vida.

A radio emissora organizou a sua “hora patriótica” durante toda a semana, ocupando o seu microfone no primeiro dia o dr. Oliveiros Marques de Oliveira, promotor de justiça, que discorreu calorosamente sobre as significações da bandeira e do hino nacional. Na 2.ª noite, o dr. Geraldo Tomaz de Magalhães, ilustre causídico, pronunciou retumbante e belissimas palavras sobre os “Conjurados” e a sua influencia na Independência . Na 3.ª noite, falou o dr. Jonas Bessa Ribeiro, gerente do Banco da Lavoura, sobre a Revolução Francesa e a Independencia dos Estados Unidos como fatores de liberdade. Na 4.ª noite, coube ao dr. Delfim Borges da Fonseca, inteligente advogado em nossos auditorios, focalisar a personalidade sem par de José Bonifacio, o patriarca da nossa Independencia. Na 5.ª noite, o dr. Ubaldino Gusmão Figueira, diretor da Casa de Saude, encantou a todos com um verdadeiro hino ao vulto impressionante de Caxias. Na 6.ª noite, o dr. Antonio Ferreira Maciel, odontólogo aqui residente, pronunciou interessantissima palestra sobre “os prodromos de nossa Independencia. Finalmente, na 7.ª noite, esteve a cargo do consagrado tribuno dr. Eufrasio José Rodrigues a oração de encerramento sobre a Independencia e o 7 de Setembro.

As palavras dos ilustres intelectuais patricios impressionaram pela forma e substancia das orações, como pela firmeza e ardor patriótico por que foram pronunciados.

Ainda durante a Semana da Patria, e Escola Normal local organizou dois estupendos festivais de arte, que causaram na cidade a mais profunda impressão, peculiar ás festas de requinte e de elegancia.

Entre os números de arte, bailados, declamações, mùsica, canto, comedia, etc. predisseram altamente das possibilidades do modelar estabelecimento de ensino, não podemos deixar de destacar a “quadrilha” solenemente e compenetradamente dansada pelas crianças de 7 anos das classes anexas, ricamente vestidas e caracterizadas de damas e cavalheiros antigos, arrancando da numerosa assistencia os mais veementes aplausos.

Notavel foi a naturalidade com que as crianças, obedecendo á voz do marcante, sem um erro, realisavam as figuras coreográficas mais dificeis e mais bonitas, como a firmeza com que o pequeno José Beluco marcou as 5 partes da quadrilha.

Ao término da última parte, o pirralho Alfredo d’Armada subiu ao palco e em nome dos Senhores patenses ofereceu um bouquet de flores ao marcante que, sem se impressionar, imediatamente agradeceu sob uma saraivado de palmas.

O povo elegeu os pares mais interessantes, em primeiro lugar Heloisa Figueira e Carlos d’Armada; em segundo, Helena Figueira e Americo Santana Neto, e em terceiro, Heloisa Lemos e José Roberto de Mendonça.

Arrematando as elegantes horas de arte, verdadeiramente encantadoras, subiu á cena a bem elaborada revista das coisas da Escola − Onde estará o sujeito? − escrita pelo diretor prof. Aguinaldo Magalhães Alves que os alunos deram agradabilissima interpretação, agradando geralmente, destacando-se o desempenho das figuras principais feito por Amalia Ferreira e Carmen Lucia de Magalhães, terminando com uma apoteose ao Brasil, que arrancou os mais retumbantes e frenéticos aplausos.

O ilustre diretor de Estabelecimento e as esforçadas professoras e alunos estão de parabens pela realisação dos festivais, dignos sobremaneira de figurar nas grandes horas de arte que se realisam nas capitais do país.

Foram festas, a que o povo acorreu, mas deles saiu com aquela forte impressão, que o requinte da arte e da elegancia costuma descrever e marcar.

* Fonte e foto: Texto publicado com o título “Ecos da Semana da Patria” na edição de 13 de setembro de 1942 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

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