Na década de 1970 as festas de Folias de Reis grassavam pelo Distrito de Bom Sucesso. Num certo dia, alguém começou a espalhar por toda a região que o cantor Aguinaldo Timóteo, que estava na crista da onda, viria para uma grande apresentação no Dia de Reis e que o contrato já estava assinado.
A notícia se espalhou que nem fogo em paiol de milho seco. Faltando 6 meses para a apresentação, o agenciador lançou uma campanha de arrecadação no intuito de cobrir as despesas da vinda do afamado cantor. Praticamente todo o povo da localidade, incluindo a zona rural, contribuiu. O sujeito arrecadou uma grana alta e zanzava para todo lado com desenvoltura, demonstrando uma enorme e salutar preocupação com o evento.
Em 5 de janeiro, tradicional Dia de Reis, o simplório palco das tradicionais apresentações dos grupos de Folias de Reis cedeu lugar a um vistoso espaço categoricamente preparado para receber Aguinaldo Timóteo, que estava sendo aguardado às oito horas da noite. Assim, por volta das cinco da tarde, o sujeito foi a Patos de Minas para receber o cantor. E não mais voltou.
Faltando quinze minutos para as oito da noite, o povaréu esperando ansiosamente, uma jovem dupla de cantores sertanejos desconhecidos se apresentou a um dos organizadores para cantar, pois fora convidado pelo fulano para tal no intuito de se tornarem conhecidos. Foi então que a verdade se abateu duramente sobre os ombros daquele organizador.
Assim, às oito horas da noite em ponto, sem alternativa, o responsável anunciou o espetáculo:
– E agora temos a honra de receber a famosa dupla sertaneja Aguinaldo e Timóteo.
Quase lincharam o coitado e a tal dupla. Mas depois de muita confusão, empurra-empurra e a dolorosa aceitação de que tinham sido enganados, finalmente a famosíssima dupla pôde se apresentar em meio às Folias de Reis. E como o larapio, depois sumiram e nunca mais ninguém ouviu falar.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.