TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2019)
Recentemente encontrei-me com um conhecido no Centro da Cidade, forasteiro de Belo Horizonte residindo há dois anos aqui. Papo vai, papo vem, discutíamos as mazelas urbanas tanto de lá quanto de cá e a incapacidade do poder público em saná-las quando, de repente, ele fez o seguinte comentário:
– Ô cidadezinha fuleira essa tal de Patos de Minas!
Logo retruquei:
– Peraí, popará, sem essa de falar mal de Patos de Minas.
Ele, assustado, disse:
– Uai, Eitel, você comenta muito sobre os problemas daqui, leio muito suas cobranças ao poder público, as suas fotos sobre as mazelas da Cidade, por isso não entendo esse seu espanto por eu ter dito que a sua Cidade é fuleira.
Fui duro na resposta:
– Fulano, Patos de Minas não é fuleira e nunca foi, mas tem os seus problemas, mas só dos daqui e daqueles de fora que aqui residem abraçados conosco como verdadeiros patenses é que aceito críticas sobre os nossos problemas. De gente de fora como você, que não tem afinidade alguma conosco, não aceito um pio. Se não está satisfeito, cai fora daqui, volte para Belo Horizonte e vá criticar os problemas de lá.
Rodei nos calcanhares deixando-o com cara de poucos amigos. E dane-se para esse tipo de gente. E para essa gente que aqui chega e logo se arvora no direito de nos criticar, vão aqui essas palavras publicadas com o título “Os Incomodados” na edição de 08 de abril de 1916 do jornal A Carapuça:
Já ouvi (não é gracejo)
“Alguém” dizer
Que Patos é lugarejo
Onde o viver
É sem conforto… Não vejo
Razão de ser
De semelhante motejo…
Isso faz crer
Que o “Alguém” fala, sem freio,
De papo cheio,
Somente para debochar…
Pr’outro lugar
Se aqui não lhe serve, rogo
Que mude logo.
* Foto: Bielgarc.blogspot.com, meramente ilustrativa.