O Badeco até que é um sujeito ajeitado, um bom papo, boa companhia, mas, infelizmente, é enrolado demais da conta no quesito “honrar compromissos financeiros”. Por causa disso a fila de cobradores é imensa e vira e mexe tem que conversar com o gerente do banco para liberar o talão de cheques. E quando a turma joga uma “caixeta”, o amigo gosta de comparecer. Certa vez ele já estava desesperado depois de dez rodadas sem ganhar nada. Mesmo apostando dinheiro, a quantia era insignificante, quando muito 5 reais, o que dava para todos se divertirem. Eis que na última rodada, o Badeco descobriu que não tinha mais um único tostão para apostar. Como não queria ficar de fora daquela última cartada, casou o jogo com um cheque. A turma logo chiou:
– Tá podendo agora usar cheque no jogo? – questionou um.
– Só faltava essa, um cheque do Badeco – ponderou outro.
– Cuidado, gente, para não congelar as mãos – emendou um terceiro.
– Vão ver se estou lá na esquina, cambada – vociferou o Badeco.
– Mas Badeco, você vai fazer um cheque assim de tão pouco valor?
– Ah! é? Então faz o seguinte, me empresta o dinheiro!
– Pode fazer o cheque!
E a turma partiu para a última rodada do carteado. E não é que o Badeco acabou ganhando o jogo? Todo feliz e sorridente, passou a mão na bolada e logo se assustou com um cheque no meio do dinheiro.
– Êpa, o que é isso? Um cheque?
– Ô seu animal, é claro que é um cheque. Você não se lembra que casou o jogo com um cheque seu?
– O quê? Cheque meu? Nada feito. Toma ele de volta. De maneira nenhuma aceito cheque meu. É fria!
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.