TEXTO: JORNAL O TRABALHO (1906)
Como noticiamos em correspondencia anterior, espessas nuvens de gafanhotos visitaram durante dias successivos a nossa zona, pousando nas roças e causando não pequeno prejuizo á nossa lavoura¹.
A furia devoradôra do insecto foi tal que alguns dias bastaram para serem totalmente destruidas as plantações nascentes, devendo os lavradores se julgarem felizes por não terem perdido in-totum o seu trabalho, pois que os milharaes e arrozaes tornaram a criar novas ramas, suavizando assim a perda dos feijoaes , aboboreiras e algodoaes que foram bastante destruidos.
Quando nos julgavamos já livre da praga, eis que surge da terra nova nuvem de insectos minusculos producto dos primitivos, ameaçando de novo a nossa futura colheita.
Deus porem, bom como é, nos fornece sempre meios adequados para prevenirmos os males, e eis que todos os passaros até hoje considerados damninhos, se esforçam na faina incessante de destruir os minusculos insectos, promettendo-nos uma colheita sinão abundante ao menos regular.
Pediremos pois todos juntos à Deus que nos preserve de maiores infortunios, e confiamos na sua infinita misericordia e bondade.
* 1: Laurindo Borges citou esse fatídico ataque de gafanhotos com outros detalhes no texto “Lembranças de Laurindo Borges − 2”, publicado em 25/07/2016.
* Fonte: Texto publicado com o título “Os Gafanhotos” e assinado por “O Lavrador” na edição de 1.º de janeiro de 1907 do jornal O Trabalho, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.
* Foto: Beta.jornaljoca.com.br, meramente ilustrativa.